Usina de Letras
Usina de Letras
139 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62181 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140792)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O SUSTO -- 24/01/2002 - 13:23 (Eustáquio Mário Ribeiro Braga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando ela se assustou com a voz dele parecia noite naquela manhã de janeiro. Ele entrara de soslaio na loja e, ela, estava tão distraída que não percebera sua presença. Será que aquele rapaz de olhar calmo seria uma pessoa ominosa? Logo ele, Leon, que era tão gentil e gostava de ombrear-se com a natureza, fora tão mal interpretado por aquela jovem? Não. Acredito que não. Alice apenas estava perdida no seu mundo quando ele adentrou a loja. Fora apenas um bom dia dado com muita naturalidade por ele. Todavia, Alice parecia ter ouvido uma voz do além, pelo menos, foi isso que era dissera a ele meio que trêmula. Ele repetiu:

_ Bom dia!
_ Ai, que susto.
_ Mas, eu apenas disse bom dia.
_ Ora, não foi isto.
_ Então, foi o quê afinal?
_ Você sabe.
_ Sei é?
_ Sabe sim. Parecia algo do além.
_ Além. Sei.
_ Bobo. Não é isto que você está pensando.
_ Mas, eu não estou pensando nada.
_ Mas pensou.
_ Pensei é? Acho que não pensei nada, não.
_ Vocês homens?
_ Que tem nós homens? O que há de errado?
_ Só pensam aquilo.
_ Aquilo o que? Eu apenas disse bom dia.
_ Não é disso que estou falando.
_ Então do que você está falando? Juro que não estou entendendo.
_ Cínico. Você sabe muito bem. E não foi isto que você está pensando não.
_ Tudo bem. Eu não pensei em nada não, mas se a conforta pensar que eu pensei; tudo bem, pode pensar que eu pensei.
_ Está vendo, você pensou naquilo que eu não estava pensando.
_ Está bem. Agora sei do que você está falando, mas não faria diferença se eu dissesse que não tive a intenção.
_ Claro que tem. Ora, eu estava aqui no meu bem bom e, você, chega assim tão de repente e...
_ Sinto muito. Eu só queria lhe entregar...
_ Já sei. E, então, gostou?
_ Gostei. Realmente, foi ótimo.
_ Eu também amei; é muito bom mesmo.

Os dois ficaram conversando por algum tempo, mas a expressão de Alice era um tanto quanto ambígua. Ela sabia que tinha dado um detalhe e Leon fez que não percebera. Todavia, ambos estavam tímidos pelo que acontecera. Nada verdade, Alice se arrepiara todinha com a voz de Leon. Ela certamente o negaria dizendo que se assustou, porém, os seus olhos revelavam um oculto desejo. Suas fantasias iam além daquela máscula voz de homem. Ela viajava, em seus pensamentos, por dimensões que nenhum mortal poderia descrever. Naqueles poucos minutos, Alice mergulhara num sono tão profundo que sonhara com diversos acordes diferentes daquela voz. Alice se satisfazia só de relembrar de como aquela voz penetrara o seu ouvido. Tudo era mágico e parecia que o tempo havia parado para ela. Leon a esperava voltar a si e terminar o registro da entrega para se despedir, pois tinha que ir trabalhar. Alice terminou de conferir a fita; deu baixa no registro; conferiu o dinheiro e lhe deu um sorriso dizendo:

_ Está tudo certo.
_ Ok. Obrigado e tchau.
_ Volte sempre.
_ Tudo bem.

Ela, ainda, continuou olhando quando ele dobrava a esquina. Alice enfim, pode voltar para o seu mundo ou sua realidade. Enquanto, ele seguiu seu caminho à procura de mais surpresas no seu dia a dia. Leon se lembrou que precisava avisar para sua amada que já devolvera a fita na locadora, mas não sabia se deveria contar o bem ou mal entendido acontecido com a atendente de balcão. Aliás, vai que a mente dela seja mais fértil que a da garota da locadora. Certamente, alguém poderia ver chifres na cabeça de cavalo. E olha que, nem sempre, onde existe fumaça há fogo. Ou melhor, fogo pode existir mas só pega se ambos assoprarem em sentidos opostos.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui