Soprei, entre bolhas, as pequenas lembranças que me fazem chorar
As histórias que, quando criança, costumava contar
às flores e folhas que, ao vento, dançavam pra mim.
Sonhei com a beleza tão pura que existe no olhar
de um cego perdido, um louco a vagar
a cantar canções que falam da vida, das águas do mar,
Um universo de sonhos esquecidos, uma estrela a sonhar!
Um louco que vive a vida como eu fujo de mim...
Vivi, mas viver não é mais que olhar,
como loucos, as estrelas perdidas, o vento a soprar!
As crianças, tão puras, ao vento brincarem,
sem saber que são elas, tão belas, a vida em si!
E, louco, um cego sem rumo virá perguntar-me
Falar-me da vida de outrora, dos sons da aurora
Contar-me vitórias (ainda que histórias!)
E mostrar-me um mundo esquecido que vi e não vivi.
Fui louco e sou cego! Sou todos os ecos
dos loucos correndo e caindo na chuva
sem medo dos sonhos, a voar nas alturas
vivendo a vida como a uma loucura
(bravura!) viver sem medo de ser...
Do mar, desejei beber, num só gole, a loucura,
a espuma tão alva que em sonhos borbulha,
E ouvir , das estrelas, as vozes calarem
minhas dores, meus sonhos, e, em bolhas, tornarem
minha vida perdida de pequenas lembranças,
meus dias que guardo de quando criança
e que ao som das estrelas me fazem chorar...
©Brenno Kenji
07.05.2000
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