JARDIM DOS MANDACARUS
Em verdade conheço o cheiro de Sol desse lugar,
uma agreste paragem de chão rachado — solo sagrado.
De noite, o vento corre pelo jardim trazendo algum frescor,
somente um olor semente exala dessa flor,
vida da pouca vida, mas forte mais.
Além da sombra da cumeeira donde estou e sou,
assunto o que sobrou: uma ode à própria vida.
E nos tortos caminhos desse jardim de mandacarus
espicharei os secos sentimentos para apurar as emoções...
Arreneguei a flor e o fruto por aquela calunga faceira
que tirou o assossego do balanço de rede,
que causou esta sede de vários açudes.
Amarga malunga! Arrepare não...
Somos tantos travaliando pelos obeliscos cactáceos.;
aproveitei a aragem para dispor a miragem:
— Jardim dos Mandacarus —
aceso facheiro de espinhos, de sentimentos despenados.
E o que mais dizer, o que mais desse árido ser,
dessa fúria inclemente.; são tantas vidas secas
e mesmo assim clorofiladas, mesmo assim aladas...
conheço bem esse lugar, esses mandacarus ardentes,
— esses totens do Sertão.
José Inácio Vieira de Melo
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