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Artigos-->Por debaixo do Baixo Manhatã -- 28/09/2001 - 22:54 (eva braun) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Já vai longe o dia em que o holandês Peter Minuit comprou dos índios algonquianos, por míseros 24 dólares, a ilha de Man-a-hatt-ta. Hoje o touro de bronze, símbolo de Wall Street, está caído na arena, bufando, resistindo à estocada final. E Hemingway já saiu de cena. Wall Street no passado era um muro que protegia Manhattan dos índios, hoje é uma rua suja que as pessoas cruzam cabisbaixas. Nova York inteira cheira a velas, há fotos de desaparecidos até na porta da sua casa, debaixo da sua cama, na tampa da privada, nos fundilhos da sua Levi s. Celebridades hollywoodianas disputam o quem-dá-mais para vítimas de cá ou refugiados de lá. Julia Roberts deu 2 milhões p/ as vítimas do WTC, Angelina Jolie , p/ os refugiados afegãos, tudo uma questão de ideologia... Valeu. A CNN, depois de censurar imagens da morte ao vivo, hoje fica no rame-rame dos debates tapa-buraco enquanto a dona guerra não vem: quem é Osama Bin Laden, quem está com os EUA, quem está contra. O que ninguém diz é que tropas de elite britânicas e americanas já estão caçando o inimigo público número 1 desde o dia 13. Osama Bin Laden, milionário saudita de berço, ex-aluno de Harvard e ex-colaborador da CIA na época da guerra fria, aguarda em algum remoto bunker pelo desfecho da panacéia montada ao seu redor enquanto os EUA costuram suas alianças para fechar ainda mais o cerco da globalização, enquanto o povo afegão passa fome e morre de sede à beira das fronteiras do Paquistão, com seu abre-e-fecha interminável. Tudo um jogo de cartas marcadas. Bush, o grande clown, fica na tv repetindo votos de confiança, pedindo que as pessoas voltem a viajar de avião mas dando ordens para que os caças abatam qualquer avião suspeito. Você viajaria? A equipe do governo quebra o pau, Colin Powell de um lado e o secretário de Defesa de outro. Estão todos divididos. Quem vai ganhar nessa correlação de forças? Certamente que nós não.

Sigo pelas ruas do sul de Manhattan chutando pedras e pó dos escombros. Se eu jogar meu cigarro no chão, ninguém vai reparar mais. Tenho de andar com cuidado para não pisar em velas ou possíveis dedos. Um dia, como na parábola de Dashiel Hammett, um pedaço desses prédios vai cair na minha cabeça e eu vou largar isso tudo, mudar de identidade, ir para bem longe, esquecer do passado. Voltar para minha terra. Vou me embora pra Pasárgada, lá só caem viadutos e prédios do Sérgio Naya.



Eva
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