ERAS
Na balbúrdia das bocas bêbedas,
no labafero do lusco-fusco,
nas casas, nos tetos, nos becos,
os assombros de cada telha, cada janela.
E elevadas pelas eras, nos cantos todos,
enxergam-se as montanhas:
tetas tactéis da mulher Terra,
e os pés as tocam com carícias de mãos.
No labafero de cada quadra
um quadro que não depende do tempo,
mas dos olhos das plantas dos pés,
olhos das palmas das mãos do vento
que passeiam e não calculam o passo.
José Inácio Vieira de Melo
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