Eu, feito os poetas,
vejo o país de um jirau
E lá de cima, com lente falsa,
confundo o bem com o mal
Vejo um corpo humano
a se rodar num carrossel
envolto em áureo pano
em verde mata e azul do céu
Enfim é um brasileiro
que gira tonto, dali não sai
Mas se o parque fecha
o brinquedo pára
a imagem cai
Eu, feito os profetas,
vejo o Brasil lá da montanha
Do alto, óculo sujo,
avisto a Pátria estranha
Vejo a massa humana
a se dançar, um formigueiro
Vermelha, azul e branca
a pátria estranha, do estrangeiro
Enfim é todo um povo
que samba junto
- esgoto e gente
O drama vira comédia
volta à tragédia
e segue em frente... |