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Poesias-->POEMA ANDARILHO -- 06/03/2002 - 14:38 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos












POEMA ANDARILHO



Eu, andarilho em palavras

tropeçando ensimesmadas

já não mais as sei domar

se me tornam conjuradas



Quando as conhecí um dia

reconquistei-as em verso

dei-lhes um nome: poesia

cravei-lhe um aval decerto



Aceitaram silenciosas

compenetradas pueris

despidas sem-cerimônia

embaixo do meu nariz



Reverenciaram meu corpo

ao modo da criadagem

vasculharam-me o magro rol

do verso-matriz mensagem



Inculcaram um pesadelo

na noite do meu falar

mas solerte acordei crasso,

recusei-me em aceitar



Irrequieto, probo, ansioso

pesquisei anais da história

donde houvesse vã palavra

embebida em luxo e glória



Pois submeter um poeta

ao cadafalso verbal

por certo subtrairia

ao tempo sua tez local



História nenhuma dá conta,

desses rebeldes suspeitos

seres padrões assexuados

em todos os seus aspectos





Andejo, pisei mais adiante,

só vestígios sepulcrais.

motes e apologias

num rasto de nunca mais



Consultei um vate, sábio

persistente caminheiro...

se ele nada revelou,

tampouco foi conselheiro



Profetas pelo caminho

Indiferente, quejando

cavalos de água e vento

me atropelam levando



Desconfiados indagam

para meu terrível gáudio

se suserana palavra

rende-me honra, ouro e bens



Não! respondí peremptório

enquanto a noite desmaia

de vergonha, dor e pena

sob seu véu de cambraia



Fiz-me gentil, bebí vinho

cantei loas, versos pósteros

exibí meu ombro arminho

de proferir palavrões



Mais pesadas se evadem

dentre pruridos e sons

sobre íngremes períodos

transitórias orações



Mesóclises, metonímias

na víscera academia

raízes, fontes, insígnias

propedêutica harmonia



Medo, o tenho e arrenego

aos dedos contam-se veraz

poetas deuses desfeitos

mas o infinito os refaz



Nada e o oposto de tudo

com estrondo no jardim,

fonemas se decompondo

desalfabetizando-me



O poeta persiste, vaga

sob intempéries e furnas

ruelas, chãs, logradouros

paragens, plagas soturnas



Luas inúteis, sóis delidos

pontos finais, reticência,

ferida extensa profunda

escondida na regência



Enfim jaz exausto e inserto

no escrínio vocabular

o poeta oculta incerto

um segredo protocolar



Se não sucumbe... se instala

no cuspe, na fala, no lume

mas de repente se cala

no charco, dentro do estrume.







ALDEIA, sexta-feira, 4 de maio de 2001.

Walter da Silva



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