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cronicas-->Formifobia -- 07/04/2000 - 17:41 () Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
F O R M I F O B I A
No início, até as tratava com o devido respeito ecológico. Cheguei salvar muitas tragadas pelas águas da piscina. Depois, a quantidade era tão grande que passei a ignorar os afogamentos; limitava a passar a peneira pelas águas, dia sim dia não.
Começaram então a aparecer em todos os lugares do quintal, principalmente na horta.
Cada folha, toco ou resto de material que eu movia, lá estavam elas: diminutas, médias e grandes!
Pequenas frestas de canteiros, rebocos soltos, pedras desprendidas, caibros, telhas, qualquer lugar que fosse dar manutenção as encontrava.
Comecei a detestá-las e a esmagar com os pés as que encontrava pelo chão. E elas só multiplicando...
Passei na Araújo e conversei com um técnico agrícola ( a Araújo sempre tem!). De olho rútilo, sentenciou: "- Beagá vai ser devorada por elas. Não vai sobrar nada!"
Saí assustado mas com uma boa carga de inseticidas de uso doméstico, quase todos a base de permetrina, tetrametrina, ou piretoides a base de deltamethrina.
Levei também a impressão que aquele técnico agrícola era um cientista maluco. Um Doutor Silvana que saltou de algum Gibi - cheio de heróis e vilões - que encantou a minha adolescência.
Pulverizei toda a casa sem esquecer nenhum canto ou fresta.
" - Hi, hi, hi,hi,"- gargalhava quando as via inertes!
Seguiram-se dias de tranquilidade. Se via alguma, estava morta. Durinha!
Elogiei o inseticida que me trouxe a paz. Viajei tranquilo.
Quinze dias depois estava de volta e não gostei do que vi ao abrir o portão da garagem: montículos de terra ao lado de frestas no piso.
" Deve ter sobrado algumas", pensei conformado.
Entrei em casa e o pànico se apossou de mim, pois elas estavam por todo lado: na pia, no fogão, nos ralos. Com um pano consegui enxotar as que vi, e com uma vassoura as varri para o quintal onde pulverizei o resto do inseticida.
Fui fazer um café pois o que tomamos na estrada estava péssimo." Uma água barrenta", como disse minha mulher.
Abri a lata de açúcar e... lá estavam elas: pequeninas, pretas, irritantes.
Resolvi fiscalizar os demais utensílios de cozinha, certo que iria encontrá-las. Estavam no fogão, no liquidificador, batedeira de bolo, torneira do filtro e, até, no forno elétrico.
Forno elétrico? Elas me pagam! Lembrei de Auschwitz.
Liguei o forno nos 300 graus e alguns minutos depois as via, pela porta de vidro transparente, tentando escapar. Algumas, manquejando, ainda carregavam enormes ovos e buscavam novo abrigo. Impossível. Deliciava vendo-as estorricarem! Sentia o cheiro de...de... sei lá! Depois limpo tudo.
Abri o basculante da janela da cozinha e... lá também estavam.
Soprei-as, desanimado.
Fui para a pequena biblioteca derrotado na batalha da cozinha. Puxei um livro e ...nem espantei.
Liguei o computador; só faltava... Após um WAIT a confirmação no monitor: INEXISTENTE. Nossa!, comeram todos os meus programas e arquivos! Todos.
Indignado, com o Código de Defesa do Consumidor debaixo do braço, recolhi os frascos de inseticida que ainda restavam e dirigi-me à Araújo.
" - O senhor deve estar enganado", disse o gerente. "Não temos nenhum técnico com este nome e os inseticidas não foram adquiridos aqui. Tem a nota fiscal?"
- Nã...nã...não!
" - Deve ser produto falsificado. Talvez à base de açúcar ou farinha de trigo. Tem tantos circulando por aí!"
Será que estou louco, ou vivendo em uma Saramandaia? Sofrerei de fobofobia?
Ou seria FORMIFOBIA? Pois encontro estes malditos himenópteros formicídeos em todo o lugar.
Estou pensando em mudar para o mar. Para o fundo do mar!
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