Sempre que tenho ensejo de ver imagens televisivas que me mostram elefantes a pastar tranquilamente, indiferentes às aves que esvoaçam e lhes pousam no dorso à cata das peculiares larvas que os infestam, enquanto ináudito rejubilo, cogito com meus botões: ah, caramba, a deusa natureza tem deveras um sublime e exemplar processo anti-parasitário.
Por consequência óbvia, sou radicalmente e cada vez mais em absoluto contra tudo que não seja natural. Os habituais parasitas da mesma cassete designam-me, além de todos os nomes do receituário censurador, sobretudo por anarquista, porque têm deveras medo da improvabilidade natural.
A maioria políticos portugueses, por exemplo, têm enorme dificuldade em rever-se como larvas no dorso de Portugal. Assim, eu esvoaço e faço quanto posso para os eliminar de cena.
António Torre da Guia |