Usina de Letras
Usina de Letras
221 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140786)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6176)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->No reino de Xatha -- 07/04/2000 - 17:44 () Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NO REINO DA XATHA

Era uma vez um reino encantado...
Vivia ali uma rainha que não conseguia ter filhos, pois era tão exigente na escolha de parceiros que na hora "X´ todos falhavam. Já havia passado por diversas tentativas, com atletas, esportistas, atores e até com um chefe de governo latino, sem o menor resultado. Alguns falharam pela idade; outros, por não serem mesmo do ramo, além de um que, por só viver correndo, não podia mesmo dar certo.
Já estava a rainha preocupada com a idade que avançava, e ela procurar, procurar e não encontrar o escolhido para a grande missão: "ser o pai da princesa". É verdade que ganhava tesouros e mais tesouros às custas dos seus súditos baixinhos, pelo óba-óba que faziam. Era um reino de pigmeus. Mentais.
Precisava desta herdeira o quanto antes! Estava enfastiada de ser a loura mais bonita do reino. Queria esta filha de qualquer maneira e deveria ser, como ela, loura, linda, inteligente e rica. Sonhava perpetuar a espécie loura-chata, que dominavam os reinos daquele continente. Recorreria, se necessário fosse, a rezas, pais-de-santos, vudus e mandingas.
Foi quando, já quase no desespero, a sua confidente e fiel escudeira, Dulcelene, teve a surpreendente (dado o seu QI) idéia de "contratar" um belo jovem de um reino vizinho. Rico, saudável, sem traumas, circuncidado e de outro credo, era o ideal.. "Vai funcionar! Ou melhor: não tem erro", profetizava a escudeira.
- E se não der certo; se ele também falhar? insistia a loura-chata.
- Não tem perigo, usaremos o método artificial.
- Será que vai dá?
- Bom, isto é com você?
Procura daqui, procura dali e... pimba! Lá estava ele; o pai escolhido para a princesa: bonito, alto, forte e... melhor ainda, obscuro.
- Ah!, não é famoso, reclamava a rainha?
- Não tem problema minha filha, fama a gente faz, compra, argumentava a servidora.
Feita as negociações, aconteceu finalmente a tão sonhada gravidez. Artificial, é claro, pois ninguém, nem mesmo um guapo com tantos predicados físicos-anatómicos como o escolhido, conseguiria " uma normal" com a loura. Estava sempre reclamando: "Você desmanchou o meu penteado," , "Ih!, puxou o fio de minha meia", ou, ainda, o horrível: "Chegou?"
O importante é que foi conseguido encomendar a herdeira. Agora era só esperar o tempo passar e enquanto isto, tirar proveito. Também da gestação, é claro! Primeiro, em cadeia de rádio e televisão a grande notícia foi passada aos súditos:
"A Rainha vai ser mãe".
Depois, nove meses de badalações diuturnas, com entrevistas e encontros com pessoas ricas e famosas. Era quando as inevitáveis e hipócritas exclamações ocorriam:
" Oh!, você é a grávida mais linda que já vi". " É a barrigudinha mais sexy do hemisfério sul!". " Você está tão bem!, não engordou nada, hein?" .
" É para quando?", "E se for homem - um príncipe?"
"Nem pensar. Será uma princesa linda, loura e inteligente como a mãe", respondia sem modéstia.
Realmente o instinto materno prevaleceu. Semanas depois uma ultra-sonografia confirmou: "A Rainha será mãe de uma menina."
Os arautos do reino se encarregaram de passar a notícia e toda a mídia: escrita, falada, televisiva, out-door, e.t.c., proclamavam repetidas vezes a fausta nova.
O título de "Mãe do Ano" chegou a ser precocemente concedido. Súditos e mais súditos acorriam semanalmente na cerimónia do Beija Barriga.
Alguns, mais emotivos, chegavam a chorar. Só uma coisa foi mantida ( porque chato também é gente), o período de nove meses da gestação.
"E o nome da princesa?", indagavam muitos. "Esperem! Na hora oportuna a rainha vai revelar", respondia Dulcelene.
Chegava o grande dia. Os aposentos da princesa já estavam totalmente decorado na cor rosa-choque. Do chão ao teto!
No dia do nascimento a escudeira transmitiu uma ordem proibindo num raio de quase dois quilómetros em torno da maternidade qualquer outra mulher parir.
"Vai parir pra lá, aqui não!", exclamava possessa. Estava tudo esterilizado.
Mesmo com o adiantado da hora, pois a princesa resolveu só nascer a noite, as ruas próximas e principalmente os corredores da maternidade estavam apinhados de súditos-repórteres, especialmente designados para cobrirem o evento. Brigavam e se acotovelavam por cada centímetro dos corredores.
"Meu reino por uma tomada", gritava um diretor de TV tentando ligar seu equipamento.
A rainha apareceu, ainda de barriga, para a grande revelação. Espocaram-se os "flash". Após algumas poses, ela falou: "Vou agora preparar para receber a mais linda princesa da Terra, a maravilhosa e divina "XATHA!!", revelando finalmente o esperado nome.
Correria tremenda de repórteres em busca de telefones para anunciar ao mundo o nome da herdeira. Muita dificuldade pois as linhas logo se congestionaram ( não estavam ainda privatizadas as companhias telefónicas).
"Xatha,: xis, a, tê, agá, a", gritava um " foca" tentando ser compreendido.
Horas de vigília em todo o reino e os súditos não se desgrudavam dos rádios e dos televisores. Só na primeira hora do dia seguinte ao da internação, a escudeira Dulcelene apareceu no Salão de Imprensa da maternidade, também decorado na cor rosa-choque, e anunciou: "Ao som da Ária da suíte Música Aquática de mestre Händel, nasceu, às 23h58 de ontem a princesa Xatha, herdeira e substituta da rainha-chata, que por enquanto permanecerá no trono."
Poucas horas depois as primeiras imagens da família eram mostradas pela TV: mamãe-chata, vovó-chata, Dulcelene, e até o pai-chato, o mais emocionado.
Afinal, foi ele quem conseguira a grande proeza.
Para provar que a dinastia Chata iria continuar, a princesa nasceu MORENA, contrariando a expectativa de todos que a queriam LOURA.
E assim, foram felizes por muitos e muitos anos...
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui