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Artigos-->O CORONELISMO NA HISTÓRIA E NA FICÇÃO(Enéas Athanázio). -- 25/10/2004 - 23:59 (Mário Ribeiro Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O CORONELISMO NA HISTÓRIA E NA FICÇÃO





Enéas Athanázio*







Fenômeno social dos mais curiosos, o coronelismo existiu em todas as regiões do País, com maior ou menor influência. Sua denominação deriva das patentes concedidas pela Guarda Nacional, embora existissem coronéis, majores e capitães, dependendo, segundo se comentava, das terras que cada um possuia e dos eleitores que dominava nas eleições a bico-de-pena. Latifúndio e coronelismo se confundiam, embora nos últimos tempos houvesse coronéis doutorados, vivendo em grandes centros ou exercendo mandatos eletivos, ainda que não cortando jamais os liames com seus feudos. Nas minhas andanças como Promotor de Justiça pelas várias regiões do Estado ainda conheci vários deles, alguns letrados, refinados, cidadãos do mundo, mas sem abdicarem de seu mandonismo ancestral.



A noção de coronelismo está associada de forma indelével ao latifúndio, ao mandonismo político, ao machismo exacerbado e ao voto de cabresto. Nas suas imensas fazendas eram senhores de baraço e cutelo, ditavam leis e regras, mandavam e não pediam, por isso tantas vezes acusados da prática de inaudita violência contra aqueles que se opunham às suas determinações ou contrariavam seus ditames. Apesar dessa face negativa, o coronelismo trouxe contribuições ao desenvolvimento nacional. Deve-se aos coronéis, em muitas regiões, o desbravamento de recantos ermos, levando para lá seus gados e seus peões, dando inicio à agricultura e à pecuaria. Contribuiram de forma decisiva para a consolidação da propriedade rural privada, mesmo que, às vezes, por métodos ortodoxos. Tambem contribuiram para impor certa ordem nesses nívios, tantas vezes entregues ao banditismo e à anarquia, exercendo férrea autoridade, pessoal ou através de prepostos. Para completar, no aspecto individual, eram homens de personalidades fortes, de arestas vivas e idéias próprias, inabaláveis em suas crenças e convicções. Convivendo por anos e anos com coroneis vizinhos, conservava cada um deles suas posições, não cedendo um milimetro, mesmo que fossem compadres e até parentes.



O coronelismo, por tudo isso, tem sido um prato cheio para as letras, de norte a sul, inspirando um sem número de obras de varios gêneros. Entre os livros clássicos sobre o tema merecem lembrança “Coronelismo, enxada e voto”, de Vítor Nunes Leal, estudo histórico e sociológico que penetrou fundo na gênese e no desenvolvimento do fenômeno. “Coronel dono do mundo”, obra escrita a quatro mãos por Nelson Barbalho e Luiz Luna é outro ensaio importante, em linguagem limpida e de agradavel leitura. Na literatura de ficção o coronel é presença muito forte, mostrando-se nas obras de Jorge Amado, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Graciliano Ramos, José Cândido de Carvalho, Guimarães Rosa, Mário Palmério, Luis Jardim, Rachel de Queiroz, Érico Veríssimo, Monteiro Lobato, Godofredo Rangel, tantos e tantos outros. Aqui em Santa Catarina está presente nas obras de todos os chamados regionalistas dos Campos Gerais, começando por Tito Carvalho, o fundador da escola, Guido Wilmar Sassi, Edson Ubaldo, Marcio Camargo Costa e eu próprio. O mesmo se pode dizer do Rio Grande do Sul e do Paraná.



O cinema e a televião têm usado e abusado do coronelismo, quer retratando figuras históricas, quer produzindo personagens ficticias, mas sempre com sucesso.



Agora vem integrar a imensa bibliografia sobre o assunto um novo e curioso livro. Trata-se de “CORONELISMO NO ANTIGO FUNDÃO DE BROTAS”, de autoria de Mário Ribeiro Martins(Editora Kelps, Goiânia, 2004), incansável batalhador das letras e da cultura, autor de vasta e variada obra. Neste ensaio histórico e sociológico, fundado em longas e pacientes pesquisas bibliograficas e de campo, ele desvenda os fatos, as biografias, as lutas e os episódios mais interessantes que cercaram a atividade dos coronéis na região da Chapada Diamantina, na Bahia, revelando aspectos até então desconhecidos do público em geral. Abordando coronéis antigos e modernos do Fundão de Brotas, do norte de Goiás e do médio rio São Francisco, inclusive parentes, além de outras figuras de magistrados, politicos e gente do povo, o autor construiu um livro rico em informações e de agradavel leitura, permitindo um mergulho num mundo de paixões cegas e lutas implacáveis. É uma contribuição importante e que conquistará lugar definitivo. Balneário de Camboriú, Santa Catarina, outubro de 2004.







Enéas Athanázio

é escritor e Procurador de Justiça.

CAIXA POSTAL, 418

BALNEÁRIO CAMBORIÚ, SANTA CATARINA

88.330. 970.

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