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Poesias-->CLONE -- 08/03/2002 - 12:48 (Ricardo França de Gusmão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CLONE

(Ricardo França)





Quando a morte chegar anestesiante

Em meu coração nacional,

E eu deixar de ser cidadão Brasil,

suburbano folclorizado,

estarei amanhã, de novo,

corpo ressurgido do ovo

renascido homem clonado.

Não sei se serei o mesmo

Nem mesmo sei se serei eu

Novamente encarnado

Não sei se serei brasileiro, americano, japonês,

Dependerá do cientista que me refez

A partir da fórmula cromossomial.

Ignoro, ainda, se ressurgirei de alguma barriga

Ou se ressuscitarei num tubo de ensaio.

Mas não faz mal.

Serei semente de gente

Sem precisar de gente para germinar.

Já fui feito e poderei ser refeito, eternamente,

A cada morte,

Não sei se isso é sorte

Ou se é azar.

Ser sempre o mesmo, o filho do filho

O filho de um pai distante

Que clonado poderá ser também.



Os clones substituirão os espelhos

E perpetuarão os espectros.

É a vitória do materialismo e do laboratório

Acima do destino vil e simplório.

Nascerei no dia seguinte do meu velório,

olharei para os céus e rirei de Deus.

Ele não tem a oportunidade de morrer mil vezes

E renascer outras mil, como eu.

Deus não conhece a morte e também não sabe o que é nascer,

É o Senhor da gêneses e da decomposição.

Ele para sempre será um só, e eu para sempre

Serei vários um.

Basta guardar um fio de cabelo, um tasco de pele,

para estar aqui de novo.

Poderei ser vários também, ao mesmo tempo,

bater papo com três de mim

no bar da esquina.

Poderei namorar - vários de mim - a mesma menina.

Ou mesmo poderei ser um exército,

Ser vários a fazer poemas,

ser elevado à potência

E esbarrar comigo pelas ruas,

Encontrar comigo no guichê da repartição pública,

Fazer sinal para o ônibus que estarei dirigindo.

Pagar na bilheteria do teatro para me ver em cena.

A minha multiplicação pessoal

Não estará à margem da perpetuação da espécie,

Mas à serviço do meu rosto, do meu posto,

Da minha aparição no clarão do dia,

E na escuridão da noite.

Estarei açoitado ao mundo

E à vida metaforizada!

Loucura realizada,

Homem ficção

Invariado

permanência

DNA secular

Mistério de química e física,

Ser solitário nessa ciranda narcísica.











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