O que o poder não faz com as pessoas! Antigamente, antes da eleição de Lula para o mais alto cargo do país, eu achava que tinha gente sincera e incorruptível. Achava que existiam pessoas que realmente agiam como pensavam e pensavam como agiam. Acreditava nos bons propósitos e nas boas intenções. E, principalmente, na minha capacidade de julgar o caráter das pessoas.
Como me enganei.....
Como errei nos meus julgamentos. Mas não me arrependo, pois se deixar de acreditar no ser humano em quem acreditarei? Nos Duendes?
Sucede que todos nós estamos sujeitos a Lei do Retorno, que é uma lei natural cuja essência consiste em tornar realidade àquela máxima que diz que o homem colhe conforme o gênero que plantou. Assim, quem planta tomate colhe tomate; quem planta verdades colhe verdades e quem semeia falácias apenas falácias colhe.
Vejam o exemplo do ex-companheiro Lula: Pouco depois de eleito já estava firmando acordos com senadores e deputados de partidos historicamente ligados ao período ditatorial, inclusive com àqueles inimigos figadais dele e do seu partido. A cada votação de interesse do governo, mais o Lula afundava na areia movediça parlamentar; mais se sujava nos respingos da lama que está servindo de alicerce ao Poder Executivo.
Eu que sempre votei no Lula desde o tempo que ele falava " menas gente"; eu que sempre votei no PT por conta da sinceridade que me passava e por não querer acordos com corruptos e larápios, além de defender uma política sem fisiologismos, sem acordos espúrios e sem troca de favores, confesso que estou decepcionado.
Fernando Henrique Cardoso quando foi eleito disse: " Esqueçam o que eu escrevi ", numa referência aos seus ensinamentos de sociólogo humanista que se dizia ser. Já o presidente Lula como não escreveu nenhum livro, parafraseando FHC, disse : " Esqueçam o que eu disse ".
Pois é, ex-companheiro Lula: o poder corrompe ou seduz. No seu caso seduziu ao ponto de esquecer que foi eleito dizendo que ia fazer uma coisa e mal tomou posse no cargo buscado há tantos anos, como num passe de mágica esqueceu tudo o que disse, como por exemplo: Aumento de salário não causa inflação, pelo contrário, aquece a economia porque aumenta o poder de compra do trabalhadores. Lembram que o Lula disse isso não lembram ? Pois bem, ele já esqueceu.
Recentemente, nos meses de setembro e outubro, os brasileiros assistiram a 2ª maior greve da história bancária do país(a maior foi em 1951 e durou 69 dias). Pessoas como eu, funcionário concursado de um Banco estatal, com 29 anos e 7 meses de Banco e há quase 10 anos sem reposição inflacionária, vi com esses olhos que já estão sendo comidos pela claridade das telas dos terminais do Banco, minhas esperanças de uma aposentadoria digna, tornar-se fumaça diante da atitude do governo federal para com a nossa greve.
Se a política econômica de FHC prodigalizou o lucro dos Bancos, pode-se dizer que o Lula está sendo o Pai não dos pobres e sim dos " companheiros Bancos "!
Como é que o governo deixou passar sem comentário algum, uma greve desesperada por melhores salários para os bancários dos bancos oficiais, a qual durou quase 30 dias e não sensibilizou o ex-companheiro Lula? Mesmo o governo sabendo que os Bancos têm condições de melhorar os salários dos seus funcionários, não só por causa dos lucros vultosos como também pelo fato de que as tarifas cobradas dos clientes praticamente já cobre a folha de pagamento deles?
Mas não! O ex-companheiro Lula preferiu deixar o TST julgar a greve dos bancários intuindo que o julgamento lhe seria favorável, como sempre tem sido os julgamentos naquela superior casa de "justiça", desde as modificações perpetradas na atividade sindical.
O ex-companheiro Lula esqueceu que os bancários dos bancos oficiais ou de economia mista e os funcionários públicos, são formadores de opinião e como tal influenciam o voto daqueles que os cercam.
Veja o exemplo de Marta Suplicy em São Paulo. Terminou perdendo a eleição para José Serra. Por que tal aconteceu? O que houve? Será que os funcionários públicos e os bancários deram o troco, votando no José Serra?
Não sei, ex-companheiro Lula. Mas se você não cumprir suas promessas e não voltar a ser o Lula que falava " menas gente" mas que transmitia sinceridade, eu pelo menos não vou mais lhe apoiar. E vou tentar convencer um montão de gente a também lhe negar apoio eleitoral!
Não sei se o ex-companheiro Lula lembra que foi crescendo nacionalmente
" aos pouquinhos" e também " aos pouquinhos" pode cai no esquecimento!
