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Cordel-->O que fui e hoje não sou -- 05/10/2002 - 18:20 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O QUE FUI E HOJE NÃO SOU



Fui toureiro desbravado

Hoje pesco em água doce

Fui amante desregrado

Que nem cavalo de coice



Fui rumbeira de outras danças

Hoje me pego a rezar

Oração que faz festança

Enfeitada com o luar



Fui tenete, capitão

A mandar em muita gente

Maltratava coração

Que sofria tristemente



Fui poeta inspirado

De rimas da cor do mel

Mas fui mal interpretado

E logo mudei de papel



Fui criança, fui menino

A brincar de vai-e-vem

Hoje não brinco e sou fino

A espalhar o que é de bem



Fui bandido, traficante

Matei com bala e canhão

Tive mais de uma amante

De ardente coração



Fui água no rio correndo

Fui canto de passarinho

Voando e a tudo vendo

Sem pousar em nenhum ninho



Fui político falador

De mil promessas furadas

Fui jarro oco, sem flor

Fui toco de brasa queimada



Fui rola cor do pardal

Canário de muito canto

Trepadeira de varal

E muita reza de santo



Fui esperma, fui tesão

Fui noites loucas de cio

Sangue de menstruação

Hoje sou pedra do rio



Fui mulher de muitos homens

Que me pagavam mui bem

Que me matavam a fome

E levavam o meu vintém



Fui madeira, fui semente

Fui vara de muita fera

Fui retardado, demente

Inteligente, quem dera!



Fui freira de muita reza,

De hábito, vela e rosário

Hoje o padre me despreza

Nem me pega atrás do armário



Fui demônio, fui capeta

Alegria e carnaval

Amante de Julieta

Fui flor que dava no pau



Já fui rico, milionário

Dinheiro de mais valia

Fui um bom missionário

A trazer burra vazia



Fui beijo de namorado

Fui galo de muita rinha

Fui o orgasmo molhado

Hoje sou velha galinha



Já fui chifre de veado

Tromba torta de elefante

Já fui guitarra de fado

Fui anão e fui gigante



Fui pomba branca da paz

Fui sombra mansa do mar

Hoje, guerra eu quero é mais

Vou mostrar o que é brigar



Fui janela, já fui porta

Rainha da primavera

Hoje minha perna está torta

Eu sou João, não sou Vera



Já cuspi muito no chão

Já fui grosso, fui escroto

Mas cansei de ser machão

Hoje sou rato de esgoto



Fui caneta, fui teclado

Fui lápis de muita cor

Hoje estou conectado

Num simples computador



Já fui canto, já fui mudo

Vivia só de sinais

Hoje prefiro ser surdo

Desligado dos canais



Fui perdida, fui piranha

Fui copo de aguardente

Fui borboleta que assanha

Fui o ovo da serpente



Fui drogado, viciado

Coração que muito ama

Comprava tudo fiado

Fui cavalheiro, fui dama



Fui vale verde sem fim

Fui bola de fazer gol

Hoje minha vida é assim

Tudo que fui já não sou





© Fernando Tanajura

(n. 1943 - )

http://tanajura.cjb.net

 


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