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Contos-->a Pequena e a Gigante -- 02/02/2002 - 23:04 (Mariana Tutia Mastuoka) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O céu já estava pegando fogo. O Sol se ia. E tudo à minha volta começava a sua mutação diária e noturna. As planícies pareciam grandes montanhas, as árvores inumeráveis garras, a grama desconhecida e a neblina, que como uma dama vinha todas as noites para dançar ao meu redor.
Sentada numa clareira, sobre uma pedra redonda, mas de uma certa maneira plana, pensava sobre os meus joelhos...mas por mais que eu pensasse minha mente era vazia, um negrume total, e um branco cego. Até que por um instante eu avistei uma sombra correndo entre as árvores. Estranhei. Ninguém, além de mim ficava naquela região ao anoitecer. De novo, a sombra percorreu um caminho obscuro entre as garras. E como minha curiosidade é maior do que o meu medo, esperei mais um instante até que a sombra reaparecesse. Num rápido movimento ela se escondeu, e como flecha corri para o local.
Meio assustada, de súbito parei por um momento, e consegui ver como dois diamantes no fundo do rio, os olhos da criatura brilharem, brancos, sem expressão, mas muito profundos, como a alma. Seu corpo era delgado, pelo que parecia, pois estava ainda escuro, e não consegui enxergar muito bem. Tinha mãos grandes, com três dedos, unhas finas e compridas como lâminas, os pés também eram de um tamanho acima do normal, gordos e lisos, não parecia haver dedos.
A Criatura ficou a me fitar alguns segundos, assim como eu também fitei-a .
E novamente Ela saiu em disparada, corri atrás num desespero enorme, até chegarmos a uma enorme clareira, tão grande, a maior que eu já tinha visto. Parei ao seu limite, pois havia ali muitas outras Criaturas, não quis que todas elas me vissem.
Estavam todas ao redor de uma enorme pedra quadrada, perfeitamente esculpida com adornos à sua volta, um círculo estava desenhado no centro, e dos quatro cantos da pedra, uma flecha apontava para o círculo, que era preenchido com alguma tinta muito brilhante, azul esbranquiçada.
Me escondi atrás de uma árvore, para observar, e um ritual pareceu começar.
Todos levantaram os braços, começaram a andar em volta da pedra, sempre murmurando alguma canção que eu não podia entender. Então cada uma encostou os dedos na sua Criatura vizinha, e uma brilho saia das suas mãos, fazendo um grande círculo azulado. A canção foi ficando mais e mais alta, sempre uma mesma palavra era dita em ritmo constante, até que o círculo que estava desenhado na grande pedra, começou a brilhar cada vez mais, depois se ergueu, formando um grande cilindro indo em direção às nuvens, que sem eu perceber havia ficado avermelhadas e densas. E quando encostou nos céus, raios e trovões soaram como trombetas anunciando algo. Com grande espanto notei uma figura negra descendo, era uma outra Criatura, mas de um tamanho dobrado das outras.
A Criatura gigante era mais espantosa do que tudo, os olhos eram expressivos e pareciam nervosos, no meio do seu corpo um símbolo triangular com um pingo no meio estava desenhado. As mãos, assim como os pés não tinham dedos eram lisas e tinham um buraco no centro. Quando chegou à pedra, ela se tornou dourada, e agora eu podia realmente ver o seu tamanho, devia ter uns dez metros ou mais. Fez um movimento com as mãos e o pingo que estava em sua barriga começou a se expandir, até ficar do tamanho do triângulo, brilhava, e seu brilho era prateado com alguns raios dourados saindo como fogos em disparada ao céu, suas mãos então, foram colocadas uma à frente da outra perto de sua barriga, formando uma espécie de túnel.
Como robôs, as pequenas Criaturas formaram um fila indiana, a primeira de todas parecia voar, quando deu um salto e passou pelos grandes buracos das mãos e depois entrou na barriga da Gigante. Assim, uma após a outra fizeram o mesmo movimento, até que a última de todas parou, virou-se e olhou direto em meus olhos, espantada percebi ser aquela quem segui. Num calmo movimento ela veio ao meu encontro, sem ação eu não pude me mexer, apenas esperei. Ela tocou minha mão e me levou junto com ela. De repente me senti tão leve, como nunca antes, e voei de mãos dadas com a Pequena, assim a chamei depois de perceber que era menor que as outras, mas tristemente eu fui barrada, uma parede invisível pareceu ter sido construída, e somente ela entrou, me deixando para trás.
Percebendo minha tristeza, a Gigante me levou ao chão como mágica, suavemente, pois sem perceber eu ainda estava a flutuar, pousei tranqüilamente. Senti o grande olhar que estava sobre mim, mas agora tenaz e com pena, e de suas esburacadas mãos um pó surgiu, caindo em minha cabeça. E mais feliz do que nunca percebi que asas prateadas estavam ligadas à mim, assim a Gigante se despediu e voltou às alturas.
Depois disso, arrisquei um vôo, mas sem sucesso eu comecei a cair muito rápido. Tudo ficou negro, e quando consegui novamente enxergar, estava de novo a minha pedra com os braços sobre os joelhos. Decepcionada, havia sido um sonho...Mas com uma enorme satisfação vi o Sol de novo brilhar, e percebi um reflexo ao meu lado, e abrindo um grande sorriso, peguei a pena prateada que estava ali, e fui para casa lembrando do toque da Pequena e do olhar da Gigante...


01-02-02
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