Àqueles que constantemente, em lugar de pão, de água, de cama e de roupa com condigna sobriedade, surgem com aconselhantes lengaslengas para salvar outrem urgentemente necessitado, desde logo, apetecia-me tramá-los, tramá-los com "f", de todo o jeito e feitio, espetando-lhes, por exemplo, uma gana de mato pelo fecho da dignidade acima.
Outrossim, àqueles que estão à frente de casas de caridade para sobreviverem à custa (nitidamente e sem equívoco!) desse sub reptício manejo, estigmatizando vidas que em semelhante situação jamais terão hipótese de soerguer-se como pessoas, oh, é melhor sequer exprimir-me sobre o que lhes receito.
"Eu sei que nada sei", "Aprende-se até morrer", "Anda-se sempre a aprender"... Ah... Pois anda: aprende-se constantemente e sobretudo a mesma coisa, estupidamente, imbecilmente, cobardemente, tal e qual os lacaios que provocam a revolta e a raiva dos cães.
A proclamada humanidade é deveras um lago estagnado, criminosamente poluído, onde até as excepcionais intenções se conspurcam ou são obrigadas a afastarem-se. E o eterno massacre continua, cada vez mais próspero, ridente e, pasme-se, através de uma grandessíssima cambada que finge ser feliz.
António Torre da Guia |