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Contos-->O tigre das sombras e o cavalo de fogo -- 04/02/2002 - 15:45 (Marcilon Fonseca de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A legião do Tigre das Sombras chega antes de os vampiros saberem do acidente. A legião é formada por membros solidários àqueles que lhes foram caros em jornadas anteriores, são extremamente fiéis aos seus princípios e não têm piedade por outros que não lhes dizem respeito.
Há naquele veículo dois corpos de grande interesse para os tigres, são dois membros perdidos da legião do Cavalo de fogo, mas a inconsciência do instante não os deixa saber de onde são nem para onde devem ir ou até mesmo com quem seguir. Mas o perigo está próximo e a cada instante fica mais perto, mesmo assim o Marcelo discute com o Ernesto:
- Não podemos deixar os outros à mercê dos vampiros, afinal são todos iguais perante Deus.
- Eu não tenho nenhum compromisso com Deus, tenho compromisso com os meus, se quiser se salvar e à Sandra, acompanhe-nos. Retruca Ernesto, ainda calmo.
- Mas com que se compromete então? Com todos estes maltrapilhos que andam contigo, sem destino, será esse povo mais importante que Deus?
- Não me interessa se é mais importante ou não, apenas me interessa que nós somos maltrapilhos que se ajudam mutuamente, somos um povo sem líder, sem deuses, sem destino, apenas a arrebanhar os nossos para continuar a vivermos em bando, em manada.
- Porquê então não leva estes outros com vocês?
- Não são dos nossos. Responde Ernesto com um ar de indiferença.
E indignado Marcelo retruca:
- Quem são os seus então?
- Todos aqueles que foram importantes para nós em outras eras
Nisso os vampiros já se faziam visíveis e, como abutres, esperavam para atacar a presa. Ernesto então dá o seu ultimato:
- Se quiseres salvar a ti e a Sandra, venha agora, não quero perder nenhum dos meus para aquela corja, aquele bando de sanguessugas não merece ter nenhum de nós como presa, nem mesmo um combate com eles vale a pena e veja como são muitos, proliferam como um bando de insetos.
- Não entendo ainda este mundo, pois acabei de chegar, iremos te acompanhar, pois Sandra está muito fraca e não poderei defendê-la e não nego que também estou debilitado, pois o acidente me deixou bastante fraco.
Enquanto a manada dos Tigres das sombras deixavam o local, os vampiros atacavam com voracidade, a cena era a mais cruenta possível de ser observada, por isso Ernesto pediu a Marcelo e Sandra:
- Não olhem para traz, pois o que iriam ver não é agradável aos olhos e em nada irá lhes acrescentar, visto que ainda têm muitos pudores nesse novo mundo.
Marcelo e Sandra obedeceram.
A caminhada era longa, principalmente para os novatos, ainda não sabiam o destino, nem mesmo se havia um destino, meta, objetivo ou qualquer coisa na vida daqueles seres estranhos.
Marcelo estava pensativo:
"Estes cavaleiros são realmente esquisitos, seus cavalos são ricamente ornados e belíssimos, cavalgam com extrema maestria e são, na sua maioria, cavaleiros elegantes na postura e belos em suas fisionomias, apesar de carregarem consigo um ar de cansaço ou de desalento e aquelas roupas horrorosas e repugnantes.
O sol está de matar, se isso fosse possível de nos afetar outra vez. E porquê de estarmos neste deserto sobre essas dunas?"
Os pensamentos de Marcelo são despertados por uma visão ainda mais dantesca: um bando de refugiados ainda mais maltrapilhos e carcomidos, que deixavam um rastro, "seria sangue?", à frente vinha um altivo sofredor, parou à nossa frente e pediu:
- Faça uma prece por nós, senhores.
- Podemos lhe dar água, é o que temos. Responde o Ernesto, o qual disse não ter líder, mas não se fazia de rogado para ser o porta-voz de sua manada.
- Senhor, necessitamos muito mais de orações nesse deserto do que de água.
- Se quiserdes a água lhe será entregue, caso contrário estamos de partida e estamos com pressa. Atalhou um outro da legião dos Tigres, que descobri se chamar Antônio.
- Senhor, sou muito grato por esta oferta e iremos aceitar, pois desta forma teremos como continuar com melhor ânimo para procurar outros a orarem por nós. Respondeu o andarilho.
- Porquê não podemos orar por estes, uma simples reza católica ou um mantra, não nos custará tempo algum, é menos que o tempo de darmos a água para eles. Protestou convincente Marcelo.
- Ainda é novato aqui e temos algumas regras, na verdade não são regras, mas meio de conviver em coletividade e respeitamos todos os que integram o todo e resolvemos não fazer este tipo de concessão a ninguém, não estamos dando água por piedade ou outro sentimento reles, mas por que nos sobeja em abundância e não temos pressa alguma. O tempo nada tem a ver com isto. Apenas não queremos fazer prece alguma por outros que não sejam os do bando. Enquanto Ernesto explicava estas coisas ao Marcelo, outros da manada iam servindo água aos andarilhos.
- Não consigo entendê-los, descem de seus cavalos, perdem seu tempo para doar algo que não tem a importância requerida pelos pedintes, quando é muito mais simples e caridoso doar aquilo que necessitam, ou até mesmo ambas as coisas. Argumenta Marcelo.
- Não estamos sendo caridosos, estamos apenas diminuindo a nossa carga, pois não necessitamos de todo este peso. Responde Antônio que chegava naquele instante.
A manada estava prestes a sair do local onde estavam, já todos em seus corcéis negros, quando Marcelo desce do único cavalo branco que havia dentre todos e pára à frente do andarilho e cerra os olhos em atitude de prece, quando é interrompido em sua atitude pelo próprio andarilho:
- Não faças isso, não quebres o código dos teus.
- Não te compreendo. Responde desanimado, Marcelo.
- Se este é o teu povo, ou se estás sob a tutela dos mesmos, não os desapontes, não traia a confiança dos mesmos. Explica o andarilho, virando as costas para Marcelo, rumando ao seu grupo em tempo de dizer ainda:
- Arriscastes muito, posto que não conheces o nosso grupo, poderíamos ser um grupo disfarçado. Que Deus te abençoe e te dê compreensão.
Neste instante uma claridade espantosa repentinamente toma o lugar daqueles andarilhos, que se transformam em seres iluminados, todos montados em cavalos brancos. Aquele que sempre se dirigia ao grupo das sombras se curva a outro colega muito mais belo que qualquer outro dentre todos que estavam presentes, foi recebido pelo primeiro pelo nome de Jerônimo. Jerônimo se dirige a Marcelo e pergunta-lhe:
- És um dos nossos, assim como de qualquer parte, pois és um dos nossos. Segue-nos?
Neste mesmo instante virou-se e iniciou lentamente a ir embora junto com o restante dos seus.
- Sandra também é um de vocês? Perguntou Marcelo.
- Todos são dos nossos, mas nem todos conseguem nos acompanhar. Penso que você ainda não está preparado. Jerônimo disse isto meigamente, voltando o seu rosto para Marcelo e desapareceu juntamente com todo o grupo que o acompanhava.
Marcelo estava confuso, quando foi despertado de seus pensamentos por Antônio:
- Seu corcel negro o espera.
Marcelo se vira e observa que o cavalo que ele montava havia desaparecido, enquanto um belo cavalo negro, o qual estava sem cavaleiro desde o início da jornada, agora foi posto a sua disposição. Calado e pensativo, montou o belo animal e seguiu para junto de Sandra e Ernesto sem pronunciar palavra. Os pensamentos mais inusitados povoavam sua mente:
"Não sei exatamente onde estou, mas toda essa gente eu conheço. Os nomes são conhecidos, as feições são familiares, apenas o local é muito estranho e a roupagem e cenário em que tudo tem me acontecido é estranho. E afinal de contas: Quem é Sandra? Quem é Ernesto? Quem é Jerônimo? Eu conheço esse Antônio de onde?."
Ao longe avistava-se uma paisagem diferente, eram nuvens pesadas sobre uma floresta densa, tal qual uma floresta equatorial. Parecia haver uma redoma encobrindo aquela estufa e a manada de Ernesto se dirigia para lá a passos tranqüilos, quando subitamente, um vampiro, que havia atacado os acidentados de Marcelo e Sandra, apareceu subitamente. Ele se dirigiu a Antônio e exigiu que Sandra fosse entregue a ele como pagamento de salvo conduto daquele dia. Antônio, sem pestanejar, se dirigiu em direção a Sandra e Marcelo e pegou o cavalo de Sandra, quando foi interrompido por Marcelo:
- Que pensa fazer, Antônio? Acaso é isso que somos aqui? Somos moeda de escambo para a vossa covardia?
- Se nos acha acovardados, tome a minha espada e enfrente o rei dos vampiros. Se vencer será líder deles e terá nossa gratidão, além de salvar Sandra, que você ainda nem conseguiu lembrar ser sua esposa em sua última jornada. Redargüiu Antônio sem aparentar qualquer perturbação ou expressão de sentimento.
Marcelo pegou a espada e apontou em direção ao vampiro, quando uma luz bastante suave desceu de algum lugar das alturas e atingiu o aço, canalizando uma energia desconhecida para Marcelo e atingiu o rei dos vampiros, que caiu inerte na frente de todos da manada das sombras. Neste instante uma revoada de vampiros se apresenta e se prostra à frente de Marcelo reverenciando-o como novo rei. No chão, abatido, o antigo rei dos vampiros havia mudado sua feição de homem-morcego para uma feição humana e sofredora, se contorcendo de dor, o que encheu de compaixão o pobre Marcelo, agora muito mais confuso.
Ele se dirige na direção do ex-vampiro e o carrega até o corcel e o coloca sobre a sela do animal e o dirige até a selva das sombras. Todos o seguem. Ele se volta aos vampiros e lhes ordena:
- Procurem outro líder, pois não sou dos teus e nunca conseguiria sê-lo. Afastem-se destas paisagens e nunca mais ataquem nestas regiões.
Ouvindo isto, dois vampiros que estavam à frente do grupo se entreolharam e dividiram o imenso bando em dois e cada um foi para um lado, sumindo no horizonte.
Dentro da floresta, Marcelo perguntou o que foi que aconteceu com ele, para Ernesto, e este recomendou que um bom sono fosse dormido para que as energias fossem restabelecidas e a memória pudesse trabalhar em seu habitat verdadeiro.
Sandra e Marcelo foram levados a uma tenda para o repouso e ficaram lá por três dias seguidos, de onde saíram para assumir seus postos junto ao bando. Estava tudo claro para eles.
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