Eram tantos hepatomas
Tomas, homas, hepatomas
A repugnância do novo corpo que nascia
Jazia posta ávida de outros devaneios
O fígado a realizar as sinapses
Sofregamente, ente
Rente ao coração
E veio a lise, lise, lise
Hepatólise...
Sentia o destruir das áticas, células hep
As estruturas funcionais iam-se pelos jardins
E os jardins não estavam dentro de mim...
Eram a vasta imensidão da loucura sem causa
Lise, lise, lise
Adeus vida dos unis, unicúspide, unicaule, unicursal...
Boçal...
Cele, cele, cele
Hepatocele...
A coisa que crescia incessantemente
Deixava no ar uma saliência amorfa
Eu a moldava, ornava com lavores estrelários
o feijão granadino...
E tudo a evolar-se no vasto plúvio céu
Tite, tite, tite...
Hepatite...
Não mais existia horário, diante um ser
Jecorário
Ário, ário, ário...
Aumentava a coisa, e crescia a letargia
A anestesia...A morfina, outrem dissera
Vai saber a causa das mazelas!!
E tudo se ia, ia, ia, ia
No convés do barco colossal.
Minha víscera glandular volumosa
Já se perdia no mar dos dejetos calômanos
Subjetivos, alheios...Anônimos
Todos iam-se na chuva lasciva da escória metálica
A dançar a não-música dos sinos
Protozoa, metazoa, sarcodíneos...Meninos.
No vão fúnebre da casa madeiral
Eu postado em meu catre
Vi subir pela vasta chaminé sepulcral
Minhas vísceras, uma a uma
Ceras, ceras, ceras
As velas cantam meu desgosto hepatorrenal
E eu a cantarolar minha pós-vida,
Em uma futura Grécia antiga,
Desviscerado, correndo como um hiparca
Na doce floresta da não-vida
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