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Poesias-->O Navio Ascético -- 18/03/2002 - 05:02 (Narjara de Medeiros) |
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Os ares climáticos padeciam de uma fúria incessante.
A água cobria toda a metafísica dogmática.
Cantos pernósticos de padres castos,
Acordava a humanidade desviscerada
Que apodrecia languidamente
Na proa do Navio
Naviforme, navígero...Nafrífago.
E a coletividade humana,
A velar os corpos daqueles que jaziam
Postos ávidos de outros devaneios
A raça humana, ali, naquela naviarra,
Não mais se distinguia
Estavam todos imundos, cegos...Ascéticos.
Perdidos entre ratos...Análogos aos símios.
Eram todos símios
Pluralidade retrógrada...
O mesmo fim todos tiveram,
Não havia socorro, lampejos
Gritos sequiosos perdiam-se na escuridão
Anoitecia
Tais vozes inarticuladas
Perturbavam o sono do grande Kraken
Que rugia
Convidando-os para um jantar
Uma roda imensa,
Ao redor do nefasto Navio
Aplaudia o exalar do último suspiro.
Aplausos circenses...
A balaustrada popa não mais se via
O Navio era a escória do mundo
A demência ascética
Seres perdidos em sua própria ética
Gritos!! Gritos!! Gritos!!
O barulho compensava a falta de repertório
O pedantismo alienador afogava-se
Em seus próprios dejetos
Crença ascética
Morte comum, morte merecida.
Eis o fim do Navio...Do ascetismo.
Eternos são os pirronicos,
Contestadores da eternidade.
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