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Poesias-->Peiote -- 18/03/2002 - 05:28 (Narjara de Medeiros) |
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Sentia a salivação aumentar em minhas mãos
Mãos inertes, úmidas de um sangue invisível
Contraiam-se para dentro da carne
E umedeciam, em demasia, ao adentrar-se à região torácica
Adentravam no corpo caído
E por fora deste uma sala quadrangular
Eximida de qualquer forma conhecida
Apenas um alcalóide chamejava no centro da sala
E gritava por proteção
Em mente a intranqüilidade metafísica
No físico uma amostra rara de qualquer dejeto apodrecido
Física-mente, um saco plástico vazio...E sujo
Mascava o botão vorazmente
Na ânsia de salivar infinitamente
Com a salivação as palavras iam sonoramente reproduzindo-se
Transfigurado já estava eu em um líquido gramatical
Verbos, advérbios, substantivos...
Saiam de minha boca como líquidos
Não havia distinção lingüística
Afogadas estavam todas – as línguas - em um poço linfático amorfo
O que entrava pelas narinas encontrava o seio do desfacelamento
Na sala, algumas coisas agora se reconhecia
Havia uma cartilha deleuziana velha
No centro, em baixo do botão que não mais existia:
Era a bula da enfermidade
Somente isso, nada de criação mente-mundo-objeto
Agora apenas eu e meus pensamentos retóricos interiorizados
Um ponto
Eis um desfecho gramatical
No teto da sala paradoxal aos costumes
Era luz, acendendo-se forçosamente
Havia, também, um reflexo sem causa visível
...No espelho cognitivo
Um espectro de parte do que fui até ontem...
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