298 usuários online |
| |
|
Poesias-->Voluptuosa Morte -- 18/03/2002 - 05:41 (Narjara de Medeiros) |
|
|
| |
O vento solitário a vagar pelo quarto escuro
Uma observadora coruja com seu mórbido canto
Uivam os lobos mortos pela fome
Sobre a terra, o sangue dos mártires
E o monsieur...
Tal como o canto do lúgubre belga
Não mais diferente que a púrpura rosa morta
Como um lugar inóspito ocupado por uma alma alada
Perdido no labirinto profundo da dor,
Por amar a morte
A dama que morre aos poucos deitada em seu leito imundo
Baratas correm pelo quarto,
Um morcego a cantarolar suas asas
Restos de comida...
E da moça...
Os cabelos caem sobre o farelo de pão
Na pele, a exuberância letárgica
Os olhos...Ah, os olhos...
Estes estão fechados, e dentro deles
Seca o poço do mais puro vinho branco
Os vermes sobem por seu corpo
Como uma sinfonia, seguem os trilhos da perfeição
Mas sua beleza é como a chama da paixão
Morre, mas fica no cogito alheio
Mas o corpo...
Entregue à sua langorosa decomposição
Clama por sua cova sórdida conspurcada
O cheiro afastam as borboletas
Como tamanha podridão exalta do corpo da mais bela dama?
Tal carniça malcheirosa é nada mais que,
O mais suave balé das virgens de Lesbos
Entretanto morta, transcende exímia beleza
Mesmo no término de sua vida...
Na limítrofe barreira que os cerca
Sois a volúpia da morte
E o mancebo...
Jaz sobre o seu corpo
A penetrar seu peito
E beber o cálido sangue
Que salta sobre seus lábios
O cavalheiro...
Esta a clamar seu amor
Cujo tal, jamais terá em terra verde
Pois esta morta..
Perfeita e graciosamente, Morta.
|
|