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cronicas-->HARRY POTTER E A CULTURA POP -- 18/11/2001 - 22:52 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Há alguns meses atrás, quando eu li o primeiro Harry Potter (Harry Potter e A Pedra Filosofal), gostei tanto que imediatamente comprei o segundo episódio (Harry Potter e a Càmara Secreta). Apesar de não tê-lo lido logo após o primeiro (havia outros livros na fila), confesso que fiquei um pouco ansioso para começar o segundo. Não que a qualidade literária do livro seja excepcional, inovadora ou diferente de tudo o que já foi escrito. É porque simplesmente o livro é realmente muito divertido! Já li os três primeiros e, para ler o quarto (Harry Potter e o Cálice de Fogo), devo esperar minha namorada terminar, pois ela foi mais rápida que eu (se bem que não posso reclamar nada, pois o Baudolino, do Umberto Eco, tá muito legal!).

Devo confessar que, inicialmente, comprei o livro meio que pra ver como escrever uma historinha divertida, ganhar milhões de dólares e não precisar trabalhar nunca mais. E havia ali uma ponta de desdém e - claro - inveja também. Mas um preconceito, uma idéia de subliteratura, ou de livrinho infanto-juvenil, me fazia sentir um pouco de vergonha de falar que estava lendo Harry Potter. E, pior, que eu estava gostando!

Bom, hoje eu assumo que adorei o três primeiros episódios (o terceiro, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkahban é o melhor!) e me atrevo a indicar a qualquer um, independente da idade, sexo, cor do cabelo, saldo da conta bancária, ou qualquer outra coisa, a ler a série toda.

Eu sei que a maioria das pessoas hoje em dia consideram a leitura como se fosse uma árdua tarefa, ou uma atividade difícil e ruim de se fazer. Acho isso muito engraçado - pra não dizer horrível - não só porque é o meu hobby favorito, mas porque não existe nenhuma atividade que estimule e exercite tanto a imaginação quanto a leitura, além dos desenhos animados e as histórias em quadrinhos. Parece que hoje em dia as crianças e os adolescentes têm preguiça de imaginar por si mesmos, preferindo as tranqueiras mastigadas da televisão, como as insuportáveis novelas. Não sabem o que estão perdendo.

Peguemos, por exemplo, os desenhos animados, que, na minha modesta opinião, são os verdadeiros pilares da formação moral de uma criança. Tomemos ainda um indivíduo aleatório qualquer nascido no início da década de 70... hummm, vejamos.... eu!: nasci em 72, e naquela época já existia televisão (é, e colorida, ainda por cima!). Em 76, quando eu começava a tomar noção do mundo, sabia quando tava na hora dos "Muppets", da "Família Barbapapa", do "Sítio do Pica-pau Amarelo" (ainda não vi o novo) e quando ouvia a musiquinha da apresentação do "Globinho", ia correndo pra frente da televisão.

Não é à toa que minha cultura é totalmente pop. Quem me ensinou que as trapaças nunca dão certo foi o Zé Colméia, que mesmo atormentado pela sua consciência (ou melhor, o Catatau), sempre tentava algo pelo caminho moralmente condenável. Quem me ensinou a sair das encrencas com calma e elegància foi o Manda Chuva, e meu gosto pela engenhosidade sempre foi estimulado pelos engraçadíssimos planos furados do Coyote para pegar o Papa-Léguas. Peter Parker, vulgo Homem-Aranha, me ensinou a enfrentar as dificuldades sempre com bom humor, zombando dos inimigos e usando sempre a inteligência ao invés da força bruta. Conheci a maldade pelo Pica-Pau, a inveja pelo Patolino e o cinismo pelo Pernalonga. A cobiça, a fúria, o medo e tantos outros sentimentos estão presentes escancaradamente em vários outros personagens (a Disney é completa no quesito pecados capitais).

Os personagens dos desenhos animados eram cheios de caráter (mesmo o Dick Vigarista, um divertido mau caráter), não eram como esses desenhos de agora, Digimon, Pokemon, Cavaleiros sei lá das quantas, que lançam raios pelo olho e só pensam em lutar e destruir tudo. Eu sei que tem vários desenhos legais hoje, tipo "Doug", ou "O Fantástico Mundo de Bob", mas infelizmente eles são a minoria. Tanto que os canais pagos de desenho, como o Cartoon Network, não se cansam de reprisar os velhos desenhos da Disney, Warner e Hannah Barbera (Simpsons é outro papo, não é pra criança). Queira você ou não, a personalidade do seu filho será moldada para sempre pelo que ele vê quando você não está por perto. E hoje em dia prevalece a força bruta nos desenhos e crianças violentas e mimadas na sala de TV.

Por isso, ou seja, pela minha formação pop, que achei Harry Potter tão legal. Porque é fértil, nos faz imaginar os cenários, os bichos extravagantes, como dragões e centauros, os lugares impossíveis, e tem, claro, uma certa dose de crueldade - que é o ingrediente fundamental das boas histórias. Leiam Harry Potter antes de ver o filme. Nunca pare de usar sua imaginação. Porque no fundo, quase todas as nossas preocupações só podem ser resolvidas se tivermos criatividade suficiente para imaginarmos boas soluções para elas.

A SEMANA 17/11/01
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