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Cronicas-->Um espetáculo gratuito -- 19/11/2001 - 20:39 (Miguel Perrone Cione) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Conheci o Hamilton numa pequena estància de repouso, mas ele não era turista como eu, residia lá mesmo há oito anos; até então morava na Grande São Paulo, onde nasceu, cresceu e dirigiu durante quarenta anos uma empresa cinematográfica. Havia fugido da cidade grande para viver mais tranquilo.
Quando comecei falar-lhe das belezas da estància, ele tomou em definitivo a palavra para dizer, que os habitantes das megalópole não conhecem os primores e os benefícios da natureza campestre, porque vivem confinados em apartamentos; sob a influência de uma vida rotineira competitiva e puramente material. Há pessoas que nascem, vivem e morrem, sem conhecer a beleza de uma alvorada no céu aberto de uma fazenda. Eu mesmo era um deles, exemplificou Hamilton. A luta absorvente da capital havia me tornado um autómato insensível.

Lá, passava parte das noites trabalhando, quando me levantava no dia seguinte, o sol quase no seu zênite pairava acima dos arranha-céus e das chaminés que vomitavam poluição o dia todo.

Naquele burburinho infernal avariei minha saúde.
Um dia resolvi aceitar o convite do meu cunhado, que possui a sua fazenda a poucos quilómetros daqui, para que fosse com minha esposa passar algum tempo em sua companhia. Essas férias deram outro rumo a minha vida.

Nos primeiros dias não suportava a monotonia do campo. O que me valia era o televisor colorido da fazenda, ao qual eu me apegava dia e noite. Por força do hábito continuava ainda levantar-me depois das nove horas, apesar dos mais sedutores convites para presenciar o despertar do sol. Mas as coisas não ficaram assim.

Certa madrugada acordei as quatro e meia da manhã sem conseguir mais retornar ao sono. Levantei-me e sai para a varanda comprida do andar superior da casa. Ainda estava escuro. O silêncio só era quebrado pelo zumbido dos insetos noturnos, o latida de algum cão vadio, o cantar de um galo madrugador. Acima da minha cabeça bilhões de estrelas, luziam no lampadário do firmamento, ardendo no fogo místico da sua luz. Enquanto as admirava, a aragem macia soprava no meu rosto, vivificava meus pulmões com a pureza do oxigênio das campinas. Jamais havia sonhado com essas maravilhas, dentro das minhas cogitações materialistas. Comecei sentir-me ante a vastidão daquele céu iluminado e sem limites, um templário do universo!

Procurei sentar-me comodamente, para que pudesse na tela panoràmica da natureza assistir àquelas cenas inesquecíveis. Eu era um espectador privilegiado que ali se encontrava, talvez, convidado pelo próprio destino.

Naquela minha solitária contemplação, fui de súbito maravilhado pela aparição no oriente, de uma enorme massa rubra, que aos poucos começou clarear o horizonte cor de chumbo, empurrando para o lado oposto as sombras da noite. Depois a nódoa sanguínea, mais esférica, mais brilhante, transmudou-se no dourado sol nascente, que aparecendo como um louro arqueiro do infinito, salpicou as nuvens com todos os matizes das suas flechas de luz.

Enquanto isso acontecia, a orquestra dos pássaros cantores, exaltava o espetáculo, com a sua estardalhante música. Onde se poderia assistir cena mais bela?

A transição mágica da noite para o dia, das trevas para a luz, foi para mim algo indiscritível, nem as mais hábeis palavras, nem as mais aveludadas tintas poderiam retratá-la.

Nosso amigo fez uma rápida pausa para refazer o fólego, depois emocionado concluiu: - Aquele amanhecer memorável, valeu por todas as manhãs perdidas em minha vida!

- Realmente é maravilhoso assistir o esplendor de uma alvorada, recebendo nos seus fluídos, novos alentos para enfrentar o tumulto das paixões humanas. O arrebol de um dia feliz tantas vezes aguardado em nossa vida! Esse milagre todas as manhãs se repete gratuitamente para nós.
Basta, simplesmente, erguemos os olhos para vê-lo!...
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