Quando menos se espera, algo acontece. A transformação.
Metamorfose. Tudo por causa daquele fatídico dia quando
entrara naquele banheiro. Pobre e inocente criança - ele era.
Lá estava dependurada num improvisado varal de secar
roupas: a inocente e solitária calcinha cor-de-rosa da tia.
Aquela peça íntima do vestuário feminino estava lavada e
enxuta. Será que isso era lugar para se colocar algo tão
proibido? Nunca vira nada tão íntimo de uma mulher. E nunca
tivera tão próximo de suas pequenas mãos. Trancara a porta
do banheiro. Estava sozinho. Ninguém poderia perturbá-lo.
Pegara a calcinha com as duas mãos. Tocara naquilo que
oculta o universo secreto de uma mulher. Tocara em algo que
só uma mulher tocara - jamais as mãos de um menino. Era
demais para ele. Sua cabeça começara a esquentar. Parecia
que iniciara uma febre. Mas uma febre prazerosa. Ou era o
banheiro - por ser um lugar pequeno começara a fazer muito
calor. Ele não sabia. Nem tinha tempo para pensar nisto.
Abaixara o calção e se masturbara olhando para a calcinha.
Fora aos poucos atingido por uma sensação de desejo e nojo -
incontrolável. Colocara a calcinha no varal. Mas pegara-a de
novo e a colocara dentro do calção. Sentara no vaso. E sua
mente viajou a lugares desconhecidos. Lugares que pululavam
dentro de sua mente jovial - num misto de aflição e
curiosidade. Tirara rapidamente a calcinha de dentro do
calção. Sua sorte é que não a sujara. Um grande alívio. Voltara
a calcinha ao seu devido lugar. E nos dias que se seguiram
olhava para a tia com outros olhos. A vida nunca mais fora a
mesma.