Crónica em estado Crónico ou alguns inúteis clichês musicais.
Os aliados estão marchando, e vão explodindo bombas e destruindo pontos estratégicos, brinquedos nada infantis de guerra. Ontem nas bancas os curiosos discutindo, esquivando - se de misteriosas nuvens de pó de alvíssima brancura.
Os vizinhos andam cantando mais altos suas desesperadas preces gospel, outros ouvem uma absurda música urbana de cores diversas, mas paira sobre as nossas cabeças eternas eternas dúvidas. Seria afinal o final dos tempos, finalmente os cavaleiros do apocalipse acharam o caminho. Talvez tenham chegado tarde demais, talvez ainda não estejam entre nós. Aparentemente estamos em estado de guerra ou não teríamos nunca estado em paz.
Recomendo ler Fernando Pessoa, recomendo também encomendar umas máscaras contra gases, com filtros de carbono e cores modernas, vamos nos precaver com classe e obedecendo a tendência da moda outono/verão.
Quem sabe os turbantes não combinem com nossa cara de espanto, talvez, talvez, ou quem sabe talvez. Quem já viu esse filme sabe que final feliz será pura ficção. Quem é o inimigo ? Quem é você ? Insiste a música urbana penetrando nos corredores do prédio, por onde passam grandes aviões em manobra de pouso. Daqui da janela dá para ver nitidamente a sombra do Boeing sobre a Avenida Brasil, um pássaro, uma ave de mau agouro.
Vamos para o mundo, apesar dos pesares . Não consigo continuar o impreciso texto, sem antes procurar uma música de Caetano, tudo está fora da ordem, alguma coisa está fora da ordem, alguma coisa está fora do contexto e do texto. Vamos ficar aqui parados olhando os noticiários e rezando para que os americanos não errem o alvo, vamos ficar assim inquietos e achar que tudo não passa de uma grande mentira, algo assim meio Orson Wells, meio ataque de marcianos ou de mulçumanos para nós do Ocidente tanto faz, alienígenas que nos parecem todos que divergem de nosso cartesiano pensamento, aquela coisa de Narciso que acha feio tudo que não é espelho.
Fico pouco a vontade com estas questões prefiro falar de outras bobagens, outras palavras, quem sabe dormir e ver que tudo na verdade não passou de um terrível pesadelo desses que a gente baba na fronha.
Vamos combinar uma feijoada, chamar uns amigos, antes que nos descubram, antes que sejamos confundidos com terríveis terroristas, antes que a CIA nos invada com hordas de marines e fuzileiros, antes que porta - aviões aportem em nossas combalidas Baías, já comparadas a bocas sem dentes.
De que Laden você está ? Será que não tem nenhuma relação com os acontecimentos ?
Flávio Machado
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