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Poesias-->MANIFESTO DAS REVOLUÇÕES -- 23/03/2002 - 09:40 (Ari de souza) |
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Passou pelas barricadas
Da rua
Enquanto a greve sindicalista
Era sua
Amante proletária.
Nas trincheiras, viu
Refletida
A cova na face
Abatida
Dos olhos enternidos, deprimidos:
Soldados de uma revolução.
A evolução dos desejos
Comer
O que produzia
Beber
O vinho que seduzia
Lindas mulheres
Oh! Como eram...
Francas sacerdotizas
No equilíbrio
Da fome frente a ostentação
Do poder “divino”.
A luxúria dos deuses
Se tornaram
Uma necessidade camponesa.
Os imperadores,
Com as janelas fechadas para o mundo
Viram-se deflagrados
Por esta sombra anorme
A do homem faminto.
O homem que ouve
Junto ao muro
A cadência rítmica
Da valsa que se despede
E vai para seus aposentos.
Então ele diz:
O bailado chegou ao fim
Iniciemos a revolução
A francesa,
Sua Rússia senhoria
Abram alas
Movimentos pacifistas
Cabeças vão rolar!
Com seus crânios
Perfurados por espadas
Degolados na guilhotina
Entre elas, acharás
A cabeça de Robespierre
Sorrindo, sorrindo...
Então vais dormir
Sobre uma cama de insônia
No agonizante calor de verão.
E sabes
Que a máquina humana
dos interesses
Vem te devorar.
Chegou sua vez
Resta aguardar
Mais um plágio
De morte heróica
Mais um capítulo na história.
Os czares e seus mercenários
Servidos no jantar
À moda rude das choupanas
No momento preciso
Que a ralé de Voltaire
Esbanja suor e vigor no sexo
Sob os lençóis limpos
Da nobreza de versalhes.
Olhe revolução
Como os homens na essência
São parecidos como nunca
Não têm cor
Não falam durante o combate
Gritam apenas
Num único grito.
Onde está o dente de ouro
Que dignifica aquele
Que por onde passa é bem recebido.
Não há dúvidas,
São quase irmãos.
Todos cobertos de sangue
Alguns mortos
Outros vivos
A maioria feridos
Tudo para que hoje
Eu pudesse fumar meu parliament
Vendo a votação da CPMF.
Que preguiça.
Não. É pouco.
Ainda não atravessamos
Os campos de concentração
Falta percorrer
A linha reta da descolonização
E ver o que ficou partido,
O que ficou pra trás.
Sim,
Uma devolução
Do amor privado dos plebeus
Das almas esquartejadas
Durante a expansão romana
Precisamos devolver aos guerrilheiros
Seus direitos autorais
Estampados na camisa
Do jovem
Que ridiculariza os patriotas.
E as varas criminais,
As talhas de nossos direitos
Conquistados
Rarefeitos
Tampados com as cicatrizes
Dos avós que não existem mais.
E quantas senhoritas
Malditas
Pela imprópria época que vieram nascer.
São muitas, muitas.
E as velhas fracas,
Flacidas prontas pra morte
Mas que ainda sabiam sorrir.
A revolução,
Cobriu com sua sombra
Este mundo de ontém.
Devolução
De todos os olhos
Queimados na cidade de Nero
Da “mais valia”
Do beijo que ficou pra tardinha
E não veio nunca mais.
Os assassinatos encomendados
Enquanto dormíamos
Os segredos estalados
Pelos dedos
Traídos
Quando escondidos pelas costas.
Revolução
Na luz do dia chegou
Aos confinados
Nas masmorras de sua alteza.
O pagamento justo
Mesmo que sujo
Dos guerreiros brigando
De morrer e sobreviver
Para depois morrer, etc.
E as notícias de guerra
Esta guerra cirúrgica da morte
Está na boca
Da família pomposa
Da noiva sedosa
De seu varão
Prometido pelas rezas
E que antes de partir
Tocou e amou
Esta senhorita.
E a moça, com sua partida
Sofria
Curvada no altar
Da noite enluarada
Esperando que ele volte
Que a leve ao altar
E complete seu âmago de mulher.
Mas ao olhar
A sombra dentro
Do próprio santo luar
Ela descobre
Meu Deus,
Ele não voltará!
Então, a senhorita
Vai chorar como no tempo de criança.
No entanto
Uma criança
Como parte da devolução
Triunfo da revolução
Germinará em seu ventre.
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