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cronicas-->ODE À BELEZA -- 22/11/2001 - 10:02 (Alexandre Grolla Pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ODE À BELEZA

Certo dia, há muito tempo, num reino distante, um Bobo da corte caminhava pelos jardins do castelo real e parou perto de uma rosa. Era uma rosa grande, com um vermelho brilhante que fazia com que se sobressaísse perante as outras. O Bobo ficou fascinado e passou a mão levemente sobre as pétalas da rosa, que eram macias e suaves. Em sua inocência ele pensou: "Seria isso a beleza?"
A pergunta passou a atormentar o Bobo. Ele decide perguntar ao Mago, que tudo sabe, o que é beleza? E o Mago diz que ele é jovem demais para conhecer a beleza, quando for mais velho, ela aparecerá para ele como um anjo vindo do céu. Mas o Bobo não ficou satisfeito com a resposta do Mago e, quando andava pelos corredores do castelo, deparou-se com o Príncipe que admirava sua própria imagem no espelho. Com todo respeito e cortesia, ele pergunta ao Príncipe sobre o sentido da beleza. O Príncipe joga a imensa pluma de seu chapéu para trás e, sem desviar o olhar do reflexo, diz ao Bobo que se ele quiser ver o que é belo que olhe no espelho neste exato momento.
Desta resposta, o Bobo gostou menos ainda. Lembrava-se da flor no jardim e pensava que a beleza não podia ser somente aquilo que lhe diziam, sabia que havia algo mais, algo maior. Decide então perguntar aquele que é o mais admirado e respeitado, o mais sábio e inteligente de todas as pessoas que ele conhecia... E o Bobo pede uma audiência com o Rei.
As imensas portas se abrem e o Bobo entra lentamente no salão real. Com suas roupas coloridas, seu cetro na mão direita e seus guizos tilintando nas abas do chapéu, o jovem Bobo vê o Rei sentado em seu trono de marfim. As mãos do Rei repousam nos braços do trono cobertas de anéis com lindas jóias, um manto vermelho cobre seu corpo, vários colares podem ser vistos em seu peito e, em sua cabeça, a gigantesca coroa de ouro e diamantes ofusca a vista do Bobo. Castiçais de ouro puro iluminam parcialmente o rosto maduro de um homem que sobreviveu a mil guerras, que teve mil esposas e que matou mais de mil homens.
Ajoelhando-se em reverência, o Bobo pergunta ao Rei: "Oh! Senhor dos céus e da terra, eu, que sou seu humilde servo, tenho uma pergunta que passou a atormentar minha vida e que somente o senhor, com sua vasta sabedoria, pode livrar-me deste fardo". Ele olha para o Rei, que permanece impassível e continua: "Meu lorde, o que é beleza?"
O Rei permanece por alguns segundos olhando para a figura ajoelhada em sua frente, então levantasse e com sua voz que ecoa por todo o salão como uma tempestade, diz: "Meu caro e imaturo servo vou tirar-lhe o peso dos ombros dizendo-lhe o que é belo. Beleza são os reinos que conquistei, é o brilho de minha espada ao sol, são os homens que cavalgam ao meu lado com suas armaduras reluzentes, são as minhas esposas espalhadas pelos ventos, é este castelo com toda a ostentação e luxo que o ouro e as jóias podem trazer."
O Bobo agradece ao Rei, dizendo que nada mais lhe incomodava agora. Porém, decide olhar a rosa pela última vez.
Sentado em frente à grande rosa vermelha, ele reflete sobre o que o Rei falou, sobre as conquistas e o ouro. Vozes que se aproximam o fazem voltar a realidade e olhar para o lado, onde um grupo de crianças brincam alegremente. Elas correm de um lado para o outro rindo alto e gritando, por vezes caindo na grama macia do jardim. Uma das crianças nota a presença do Bobo e vem em sua direção. É uma menina, de cabelos loiros cacheados, com vestido branco. Ao chegar perto ela diz: "Olá, senhor Bobo, mas que flor bonita o senhor tem aí!" E com uma rizadinha, volta correndo para a sua turma.
O Bobo continua olhando as crianças brincarem, e do outro lado, ele vê os servos tirando leite das vacas e carregando sacas de cereais. Ao lado deles, damas bem vestidas tecem roupas aproveitando os últimos raios de sol. No portão do castelo, guardas permanecem imóveis com suas lanças nas mãos. Então ele olha para além dos muros do castelo, para as montanhas verdes, para o céu azul avermelhado e para o sol que se esconde no horizonte. De repente uma imensa alegria invade o jovem rapaz, uma sensação de euforia e paz ao mesmo tempo, como se ele tivesse descoberto o segredo do universo. Pois agora o Bobo sabe a resposta para sua pergunta. A beleza não é apenas um anjo, nem um príncipe. Não é uma espada, nem ouro nem jóias. A beleza, e agora o Bobo tem certeza disso . . . é a vida.

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