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Artigos-->500 anos de massacres e espoliação -- 28/04/2000 - 17:24 (Lucky de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


500 anos de massacres e espoliação





No entardecer do dia 22 de abril de 1500, comandando uma frota de 10 naus e três caravelas, Pedro Álvares Cabral avistou uma elevação de terra, que viria se chamar Monte Pascoal. Estava "descoberto" o Brasil. Historiadores mergulharam no passado para constatarem que, na verdade, Cabral não foi o primeiro europeu a avistar estas terras, sendo precedido pelos espanhóis, chefiados pelo capitão Vicente Yañes Pinzón, e seu primo Diogo de Lepe. Pizón teria desembarcado em um cabo, provavelmente no Ceará, e Lepe no cabo São Roque. Alguns historiadores defendem a tese de que o fidalgo e conquistador espanhol Alonso Hojeda teria estado no Brasil em fins 1499.

Mas foram os portugueses que marcaram a ocupação da nova terra, que passaria algumas décadas esquecida por causa das riquezas que a Índia, com suas especiarias, representava para os europeus. A expedição de Cabral, a mais poderosa frota armada por Portugal, tinha como objetivo fundar um entreposto em Calicute e descobriu o Brasil ao evitar as calmarias do golfo da Guiné navegando ao Oeste, como lhe recomendara o lendário Vasco da Gama, que desvendara o caminho das Índias e vencera o Cabo das Tormentas rebatizado de Cabo da Boa Esperança pelo rei D. João II, como relata Eduardo Bueno, em sua trilogia Terra Brasilis (Ed. Objetiva/RJ).

O quinto centenário dessa data inspirou a produção de várias obras literárias, que revelam fatos pouco abordados nas aulas de história de nossas escolas e faculdades. Se por um lado é motivo de festa para autoridades luso-brasileiras, por outro, as etnias indígenas contestam as festividades sob o argumento forte de que estas terras não foram "descobertas" e sim "invadidas" pelos bárbaros portugueses que, ao longo do tempo, foram responsáveis por massacres de nações que povoavam o litoral brasileiro, sob as bênçãos da Ordem de Cristo, da Igreja Católica, forte aliada dos interesses comerciais de Portugal na época.

Estima-se que o país tinha cerca de 5 milhões de habitantes e que 700 povos desapareceram nestes cinco séculos, reduzindo-se a população para pouco mais de 300 mil índios. Como os cerca de 20 mil Tremembé, que dominavam território entre o Maranhão e o Ceará, massacrados em abril de 1679 por uma expedição comandada por Vital Maciel Parente. Ou os 12 mil Goitacá, que viviam no litoral fluminense, extintos em fins do século 18 por uma epidemia de varíola propositadamente espalhada entre eles. Quando não dizimados, os nativos eram feitos escravos, nos tristes exemplos das incursões dos bandeirantes nas missões guaranis da região Sul e no interior do Brasil.

Na verdade, os portugueses (no Brasil) e os espanhóis (nos Andes, na América Central e no México), iniciaram uma longa histórica de massacres e espoliação das riquezas das terras conquistadas a ferro e fogo, com requintes de crueldades que deixam os nazistas no chinelo, como se pode depreender dos relatos da época.

E as barbáries do passado que chegam a nosso conhecimento não são novidades para os índios. Na década de 60, sob a égide da ditadura militar, os latifundiários perpetraram massacres na Amazônia, que ganharam notoriedade mundial, usando arsênico no açúcar ou simplesmente espalhando roupas contaminadas por doenças como a gripe, a varíola entre outras para "limpar" as terras e ocupá-las.

E é por isso que representantes das nações remanescentes dos povos indígenas passaram por Brasília e viajaram para Porto Seguro, local escolhido para as comemorações oficiais, para protestarem contra a contínua investida em suas terras pelos brancos capitalistas.

Lá mesmo, no dia 18 passado, índios da tribo Pataxó, na luta para reaver suas terras, denunciavam um ataque de fazendeiros com ferimentos a bala em pelo menos dois deles. Nas regiões do Nordeste, do Norte, do Centro-Oeste e do Oeste do país, os índios guerreiam bravamente para manter suas tradições e, principalmente, seus territórios.

Onde está a demarcação de todas as terras indígenas? Onde está o respeito à tradição e costumes dos brasileiros natos? Onde estão seus direitos?

Então, é de se perguntar: comemorar o quê?



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