A Trilha De Um Andarilho
Em arenosas ventanias,
de melodias uivantes,
o macambúzio cantar,
ouço do vento clamante;
a canção triste, bisonha,
nesta azinhaga medonha
faz do Oásis, distante.
Por vezes, descalçado,
sigo andando adiante
em veredas já fendidas
deste solo causticante;
a teimosia é infante
na mente em que campeia.
Nas rútilas areias,
ardem os pés vacilantes.
E os pés, borbulhantes,
fazem-me olvidar a dor,
da alma já em suplicio,
que se oculta, interior,
calada, despercebida,
cicatrizando as feridas,
executando labor.
Alma que se apega ao pó,
às coisas que são da terra,
pés, que rápido vacilam
para onde a natureza erra,
de tudo, resta-me a mente,
e uma fé não-inocente,
no Paraíso que se encerra.
Roberto de Lima e Souza
|