Ontem, no jantar mensal da Ordem, Saulo me deu seu cartão. Sabe o que está escrito? Apenas isso: "Saulo Ramos - advogado. Telefone tal."
Pois, é.
Também ontem, recebi um e-mail de um tal "Prof. Rocco" me corrigindo. Onde eu escrevera "Deixe teu recado", o tal "Prof. Rocco" pediu-me que mudasse para "Deixa teu recado", ou "Deixe seu recado".
Esse foi o "recado" que ele me deixou.
Ora, um cara desses não tem idéia do que é um blog, não sabe o que é coloquialidade. Nunca deve ter lido Guimarães Rosa ou James Joyce (dou os nomes inteiros porque é bem possível que o tal "Professor" não os saiba).
E talvez ele hoje me mande outro e-mail para me dizer que "coloquialidade" não existe. Que "o certo é coloquialismo", etc.etc.etc.
Puxar o verbo para a segunda pessoa, ou levar o pronome para a terceira -- essa é uma decisão só minha.
Quando você vê alguém referindo-se a si mesmo como "Prof. Fulano", saiba que o fulano deve ser apenas duas coisas: babaca e petulante.
Fui aluno de Osvaldo Porchat e Marilena Chaui, entre outros, na USP, quando estudei Filosofia. Eles são professores, mas jamais se diziam "Prof. Porchat", ou "Prof.a Marilena". Na verdade, quem se diz "Prof. Fulano" é, possivelmente, apenas um "professor" de ensino médio em escola de subúrbio.
Mais ou menos como "Doutor".
Tem bacharel que não sabe que "Dr." é um título, e manda imprimir no próprio cartão de visitas: "Dr. Sicrano".
Na verdade, um Doutoraço!
Um usurpador de títulos. Um falso doutor...
Quase sempre são "destesados". Quero dizer: "sem tese e sem tesão."
Vivessem na Idade Média, esses pobres diabos mandariam um alquimista tingir-lhes o sangue de azul, só pra parecerem nobres.
Pensam ser insignes, mas são só insignificantes.
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