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Artigos-->Qual é a vocação turística de Valença? -- 01/03/2005 - 15:26 (José Ricardo da Hora Vidal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Ricardo Vidal é escritor, autor de Estrelas no Lago e estudante de Letras com Inglês na UNEB – Salvador.

E-mail: bardocelta@bol.com.br

(Salvador, 05 de julho de 2004)



O município de Valença, acertadamente, elegeu o turismo como um dos ca-minhos mais seguros para alavancar o crescimento econômico – crescimento este que deve ser usado para financiar os projetos que garantam a inclusão e bem-estar social.



Realmente, no mundo moderno, a área de serviços (o qual o turismo se inclui) é um dos setores da economia que mais cresce devido a uma razão simples – com o desenvolvimento tecnológico (mecanização dos campos, automação nas indústrias, informatização, etc) o ser humano passa a ter o seu tempo cada vez mais livre para se dedicar a outras atividades como os estudos, viagens… E é aí que entra o setor de serviços, com seus restaurantes, teatros, agências de viagens, hotéis entram, fatu-rando e criando novos empregos exatamente sobre o lazer das pessoas.



Mas o turismo (enquanto atividade econômica) precisa ser pensado estrategi-camente na esfera da administração pública. Sem pretender fazer um julgamento político deste ou aquele ex-mandatário, só se prendendo ao aspecto racional dos fa-tos, percebe-se que nos últimos anos a prefeitura equivocou-se quando se limitou a privilegiar o turismo de veraneio. Este turismo sazonal limita-se a parcos três me-ses, deixando hotéis praticamente ociosos nos nove meses restantes do ano e na dependência das condições climáticas (ou quem iria tomar banho de mar no dia de chuva?). O campo de atuação no turismo é MUITO mais amplo. E não se limita apenas ter praias como atrativos: Praias existem em várias partes no mundo! O que verdadeiramente cativa o turista são outros fatores, como a cultura e história locais. É este tipo de turismo que faz, por exemplo, que a Espanha receba mais turistas que o Brasil e faz que todos os dias os hotéis de Paris estejam lotados, faça sol, faça chuva, faça neve.



A verdadeira vocação turística do município não está simplesmente na sua be-leza natural (embora esta seja exuberante e paradisíaca) – está exatamente no seu povo, com seu folclore e sua história. É aí que encontra um filão praticamente ig-norado e com ótimos retornos sócio-econômicos. A história de Valença é rica, mas inexplorada. Poucas pessoas sabem que o prédio onde hoje se encontra o Fórum Gonçalo Porto foi a residência onde nasceu o Conselheiro Zacarias, um dos maio-res estadistas do império brasileiro. O povoado de Sarapuí possui ruínas centenárias que jazem esquecidas no meio do mato. A Recreativa perde-se como atração turís-tica, um lugar de rara beleza arquitetônica que serviu de primeiro banco de sangue do estado nos anos da Segunda Guerra Mundial. As ruínas da Fábrica Velha ficam desperdiçadas como parque histórico e natural.



Igualmente as particularidades da cultura de Valença vão sendo esquecidas. Manifestações como o Arguidá, a Zambiapunga, vão se perdendo cada vez mais. Enquanto em outros lugares, manifestações semelhantes são preservadas e mostra-das com orgulho para os turistas (e para tanto, poder público e iniciativa privada unem-se e as patrocinam), aqui, nossa cultura popular é deixada ao deus-dará, co-mo presa fácil para ser manipulada por este ou aquele político durante a eleição. Ou então míngua melancolicamente, até a mais completa extinção.



Se Valença quiser mesmo ser um pólo de atração turística, os gestores públi-cos devem mudar a atual concepção sobre o turismo e investir fortemente na cultu-ra e educação. Já passou do tempo daqui ter um museu, uma galeria de arte, um centro folclórico onde se mostrar ao turista o que de melhor nós temos. Seus pré-dios antigos deveriam ser restaurados. Sua História e suas tradições devem ser pre-servadas para que todos possam conhecê-las – principalmente o povo que nela ha-bita. A educação deve ser levada mais a sério, para que qualquer valenciano possa, orgulhosamente, dar informações seguras sobre nossos passado e tradições, como ocorre em São Cristóvão, em Sergipe. São investimentos cruciais que em médio e longo prazo reverterão em uma arrecadação maior para prefeitura aplicar em políti-cas públicas de inclusão e bem estar social.



Claro que existe um outro caminho, de deixar tudo como está: hotéis ociosos durante boa parte do ano, a prefeitura perdendo receita por falta de um maior aflu-xo de turista e o passado da cidade caindo no lixo da história.

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