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Cronicas-->O irmão de Jesus -- 24/11/2001 - 18:38 (Edson Marques) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Thiago.

(...) Perdoem-me a generalização, mas o cérebro de quem tem carro conversível quase sempre também é. Mente aberta, ventilada.

Também já tive quatro ou cinco bicicletas. A primeira não era nova nem era grande, mas era minha. Vermelha e preta. Limpos com bombril, seus raios brilhavam. O nome dela era Xantipa, em homenagem a Sócrates. Eu tinha sete anos, e juntos descobríamos caminhos novos. Acabo me lembrando de Aníbal, o grande conquistador cartaginês, comandando seus homens: "Quando não encontramos o caminho, abrimos outro!".

Também tive um cavalo branco chamado Estrela. Passando a raspadeira no seu pelo eu via nuvens de sorvete no céu do Paraná. Como já disse, foi nessa época, na charrete azul de Moisés, que entramos eu e ele na terra prometida, puxados por estrelas e ternuras.

Saudades do meu pai.

Mas, se hoje tivesse um filho, uma deusa tàntrica lhe ensinaria, antes de tudo, os maravilhosos jogos do amor e da liberdade. Iríamos os três deslindar juntos, todo dia, esses segredos que, ao serem revelados, dão brilho à nossa vida. Aos cinco anos, meu filho certamente já seria um pequenino louco, sem nunca ter deixado de ser o pequenino deus. Todo dia, prazerosamente, aprenderia uma palavra nova nas dez principais línguas do mundo, inclusive grego, hebraico e latim.

Porque herói não nasce feito - herói tem que ser formado, herói tem que fazer os exercícios que contribuem para sua própria formação. Aprender línguas diferentes é um deles. Na história da humanidade, até hoje nunca houve um grande líder que só fala uma língua. Aliás, nada mais horroroso do que um imbecil monoglota.

Enfim, se eu tivesse um filho, ele seria parecido com o irmão de Jesus que ontem vi no Guarujá tomando papinha num restaurante de amor. Ele ficou sorrindo para nós, deitado num carrinho de flores, com seus infinitos olhos azuis. Era como se, enfeitando a Natureza, Ele nos concedesse a divina presença. O safadinho toda hora tocava com sua inocência o corpo de Joyce Ann, como se tocasse um Stradivarius. Suponho ter havido uma velada troca de purezas e carícias entre os dois porque os mamilos espetaram várias vezes a camiseta branca. Se o nome dela fosse Marta, tenho certeza de que Thiago, respeitosamente, lhe pediria para soltar os cabelos negros, embebê-los em nardo, amor e almíscar, e massagear-lhe os pezinhos pelo resto da tarde.

Thiago tem um olhar de quem foi gerado com orgasmo.

(Que nem Jesus.)

Tem futuro esse menino, em todos os sentidos.
E essa menina também.

Joyce Ann se levanta, pega em minhas mãos, delicada.
- Eu te amo, Edson. Você é tudo pra mim.
- Verdade? - finjo duvidar.
- Juro pela Paulina e pela Paola!
(Só posso mesmo amar alguém que jura pelas próprias bonequinhas...)

Mas, voltando ao suposto e quase improvável filho.

Antes do desjejum, ele teria a consciência do próprio jejum. Tudo que fizesse deveria ser conscientemente. Porque aventura sem consciência é burrice.

Aventureiro que não sabe o que faz sempre se ferra.
(...)

(Páginas 88 e 89 do meu livro Solidão a Mil.)
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