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cronicas-->Saudades do Chefe -- 25/11/2001 - 14:52 (Ingrid Valiengo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vira e mexe, lembro de Marcos, meu ex chefe. Uma lembrança feliz no meio de tantos chefes desagradáveis que tive.
Toda minha mania de escrever sem parar, de olhar pessoas e lugares e passar tudo para o papel, foi um exercício obrigatório que Marcos me passou. Chegava no trabalho e ele logo me pedia a crónica do dia. Corrigia todas elas com carinho de professor de 2o série. Não se incomodava com isso. Também acompanhava minhas primeiras reportagens e sempre mandava comentários incentivadores. Quando não gostava do que eu estava escrevendo, parava tudo no trabalho e conversava comigo até que saísse outra crónica do papel em branco.
Eu não era a preferida dele, tenho que dizer. Jorge sempre foi. Escrevia cronicas perfeitas e hilárias, que faziam os olhos do chefe brilharem. Dizia que Jorge deveria pedir demissão do emprego e ficar em casa teclando o computador.
Marcos sempre ajudou seus estagiários. Incentivos, puxões de orelha, até dinheiro, às vezes. O grande privilégio em trabalhar com ele era a facilidade que ele tinha em resolver os problemas. Aliás, nada era problema para ele. Dinheiro, condução, alegria.. ele arrumava tudo.
Ninguém ficava sem emprego, ninguém estava triste perto dele. Era um chefe amigo, pai, irmão. Me chamava de Clara (por causa da cor da pele). Lembro que editava minhas reportagens com o nome Clara Valiengo. Eu ficava louca! Achava ridículo. Mas ele não. Para ele, esse era meu nome.
Deixava a mente dos estagiários fluir de maneira natural. Não importava a hora da entrega da matéria (com seu devido atraso, é claro). Parávamos de trabalhar às 2 horas da manhã para jogar Imagem e Ação, para tirar fotos ou conversar.
Éramos um grupo de sete pessoas. No local de trabalho nos chamavam de "os protegidos do chefe". Nós não ligávamos. Aprendíamos mais do que qualquer estagiário dentro da empresa. Marcos escolheu aqueles que não dormem. Quem tinha dificuldade em dormir, entrava para o grupo. Até essa junção, achava que era a única pessoa do mundo que colocava o cérebro para funcionar (bem) depois das 10 horas da noite. Conheci sete pessoas.
Tudo estava indo muito bem, até que ele resolveu sumir no mundo. Junto da mulher e o filho, foi embora para Espanha. Disse que um dia voltaria, mas até agora não voltou. Recebemos e-mails sempre. Mandamos cronicas. Mas ele não corrige mais nada. Jorge ainda pede para que ele revise seus textos. Ele apenas diz que teremos que andar sozinhos agora. Disse que é isso que ele precisa fazer, apesar da saudade.
Ah, os espanhóis! Não conhecem o significado da palavra saudade! Talvez conheçam quando Marcos deixar o país. Nós, aqui no Brasil, temos a noção exata da palavra. Saudade significa sentir falta do chefe.

Nós, os sete estagiários (agora profissionais), continuamos juntos. Mas a madrugada é por nossa conta e risco.
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