O amor supre a falta de lembranças por uma espécie de mágica. Todas as afeições necessitam de um passado; o amor cria, como por encanto, um passado de que nos cerca. Dá-nos, por assim dizer, a consciência de havermos vivido anos a fio com alguém que há pouco era quase um estranho. O amor é só um ponto luminoso, e, contudo, parece apoderar-se do tempo. Há poucos dias não existia, logo mais deixará de existir. Mas, enquanto existe, esparge sua claridade sobre o tempo precedente e sobre o tempo que o sucederá.
Benjamin Constant, “O Amor”
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