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Frases-->Meu marido tem a mania de escrever... -- 06/11/2006 - 16:24 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Da obra de Julieta de Godoy Ladeira

"Voltando ao escritor em véspera de feriado, notamos sua alegria. Afinal Deus lembrou-se de que o mundo foi criado em silêncio. Teve a semana para trabalhar sem marteladas, perfuratrizes, serras elétricas. Assim, concede ao escritor essa pausa de três dias e ele se prepara com entusiasmo".

"Prolonga-se o feriado e ele sente-se bem, aproveita o silêncio do prédio deserto, da cidade vazia. Lembra-se que também assim não é possível, precisa andar, então vai até a padaria, faz umas compras, já andou o suficiente, volta ao trabalho. No dia seguinte nem isso, desiste de andar, cardiologistas que se danem, Dostoiévski decerto não ia parar de escrever Crime e Castigo para fazer cooper e vê se Tolstoi praticava aeróbica, duvida".

"Piores serão os conselhos, tipo: você precisa se distrair ou arranje um hobby, joca tranca? Mas pior ainda, muito pior, quando dizem coisas no estilo: escrever é bom, distrai".

"Sei de um escritor que consolidou o desquite depois de ouvir a mulher comentar, numa visita, vendo o dono da casa exibir suas gaiolas de pássaros: É muito bom para a cabeça, não é, criar os bichinhos. Meu marido também tem uma dessas manias, ele escreve ".

"Ao revisar as provas o autor já enxergará o livro como trabalho impessoal e isso o ajudará a notar defeitos a serem corrigidos. Depois, ao ser lançado, o romance será para ele um objeto externo, produto da área de marketing".

"A verdadeira alegria existiu antes, a cada frase formada exatamente como queria, a cada encontro que teve com uma idéia que achou brilhante. Se mais tarde cintilou menos para ele ou até acabou por eliminá-la, não faz mal. Esses encontros e desencontros é que tornam o trabalho literário fascinante".

"No fim de algum tempo, os críticos, em sua grande maioria, são tão esquecidos quanto outras figuras que por alguma razão estiveram, durante algum período, próximas de atividades artísticas. Quem se lembra dos credores de Balzac, por exemplo? Ou dos chefes de Kafka, ou dos críticos que anunciavam o fim do romance (eles sempre desejam, em vão, esse fim) e proclamaram a incompetência de James Joyce ao terminar Ulisses? Do mesmo modo, quem se lembrará ainda, em alguma parte do mundo, dos editores que recusaram publicar Marcel Proust?"

"Afinal, quem se encontra dentro do universo das palavras entende bem o que afirmava Osman Lins ao completar uma entrevista: Uma danação que eu não trocaria por nada. Escrevendo estendemos laços em direção àqueles que são nossos irmãos no mundo. Atuamos numa sociedade que, em conjunto, é hostil ou indiferente ao nosso trabalho. Ela precisa mais, exatamente por isso, da produção literária, da existência do escritor. [...] E como descrever a alegria de, nos momentos mais inesperados, descobrirmos um leitor atento? ".


Obs.: Frases retiradas de "Escrevendo um Romance (ou Dostoiévski não Fazia Cooper)", do livro "O desafio de criar - o sonho e o chão da palavra escrita", de Julieta de Godoy Ladeira, Global Editora, São Paulo, 1995.




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