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Contos-->LIBERTAÇÃO -- 14/02/2002 - 07:47 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A promessa que nos fizeram era de que teríamos todos os direitos trabalhistas assegurados. Contaram histórias de que não haveria falta de comida e que até roupa lavada e passada nos dariam.
Éramos um grupo de mais de 500 pessoas e tudo que queríamos era trabalhar e ganhar honestamente o nosso dinheirinho.
Disseram que havia duas ou mais fazendas contratando trabalhadores. E como sou praticamente mestre no corte da cana, achei que deveria aproveitar a oportunidade.
Havia um pessoal invejoso que dizia que aqueles fazendeiros não pagavam ninguém e que nem ao menos garantiam os direitos trabalhistas. Mas eu achei que eles falavam assim porque desejavam as vagas para eles. Por isso não dei muita importância para o que pregavam e me alistei.
Logo depois dos primeiros trinta dias naquele mundão velho, distante de tudo e de todos, pude notar que o dinheiro que nos pagavam, mal dava para quitar as continhas da venda.
Assim, ficávamos devendo sempre. Mas eu acreditava que isso ocorria pelo fato de que as coisas estavam subindo de preço e que a culpa não era do fazendeiro. Eles sempre diziam que o governo é quem era o culpado por tudo.
Lá na fazenda nós não tínhamos rádio, televisão, ou qualquer outra coisa que nos distraísse.
Nas sextas-feiras havia um culto de mesa branca em que os médiuns incorporavam espíritos do bem. Em algumas ocasiões espíritos malignos e obsessores encarnavam e davam um trabalhão para o pessoal da caridade.
Os bons espíritos diziam sempre que deveríamos ter paciência com a situação e que não deveríamos nos revoltar com esse tipo de problema. Afinal um dia, todos os nossos direitos trabalhistas seriam pagos.
Eu desconfiei daquele centro no princípio. Mas depois que me disseram que era o centro FALOU GONGO, que tinha mais de trinta e cinco membros somente naquela região, aí eu me acalmei.
Naquela ocasião já completara seis mêses que estávamos trabalhando sem os nossos direitos.
Sempre que recebíamos um dinheirinho, tínhamos que pagar a venda. E lá a conta era sempre muito maior do que esperávamos. O resultado era que ficávamos devendo invariavelmente para o dono do boteco. Diziam os invejosos que aquele homem bravo e ruim que nos vendia os mantimentos era o gerente comercial do fazendeiro.
Aguma revolta tomava conta do meu coração e quando reunia forças para reclamar e exigir nossos direitos, já era sexta-feira, dia de sessão, onde a paciência nos era solicitada
em nome do perdão e do amor.
Mas o nosso saco foi se enchendo e estava a ponto de estourar. Já havia pequenos grupos espalhados naqueles barracões onde dormíamos, falando nervosamente em fuga e rebelião. Eu tinha medo que me açoitassem. É que havia um negão enorme tipo 2x2, de cara sempre feia que nos ameaçava com um chicote feito de couro. Ele dizia que quem não obedecesse as suas ordens e ficasse pelos cantos a cochichar, saberia o peso que tinha aquela sua chibata.
Nosso martírio não tinha fim. Até que um dia apareceu o pessoal do Ministério do Trabalho e da Comissão Pastoral da Terra e nos libertou.
Recebemos os nossos direitos trabalhistas. Mas não sei até quando podemos ficar assim sem trabalhar. Afinal, o dinheiro não dura muito tempo. Nós precisamos de trabalho e isso eu não sei onde conseguir.
Mas tenho fé e creio piamente que Deus não nos deixará no desamparo.

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