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Contos-->SABIÁ -- 14/02/2002 - 22:27 (Isaura L.P.Nascimento) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Toda cidade do interior tem um personagem, um tipo estranho, uma figura de destaque que todos os moradores conhecem. Em Santa Cruz do Rio Pardo vivia um homem, já bem velho, que não tinha onde morar. Era uma figura de destaque, não incomodava ninguém e nunca soube qual era exatamente sua história, sua origem, nada. Eu o via sempre em um armazem ao lado de minha casa, olhando com medo por cima do muro.
Era muito sujo, coberto de andrajos e vivia com um cobertor nas costas, fizesse frio ou calor. Como andava descalço, os pés tinham o formato de duas brôas chatas e gordas, com as solas e principalmente os calcanhares grossos e rachados, e as unhas compridas e pretas.

Não me lembro dele deitado ou sentado no chão. A maior parte do tempo passava de cócoras. Não sei como conseguia ficar horas e horas naquela posição. Hoje, quando vejo a fotografia de um afegão de cócoras, lembro-me sempre dele. Chamavam-no de Sabiá. Não fazia mal a ninguém, mas por eu ser ainda tão pequena, tinha muito medo.

Quem passava pela cidade, pensava que o povo era ingrato em deixar aquele homem jogado daquele jeito pelas ruas, sujo e maltrapilho. Não sabiam, entretanto, que por várias vezes tentaram levá-lo ao asilo da cidade para tirá-lo das ruas. Ele não gostava de ficar lá dentro onde tinha a comidinha na hora certa e uma cama para dormir, não aceitava sapatos e nem roupas limpas. Acredito até que ele foi o precursor da era “hippie”.
Um dia sumiu. Conseguiram levá-lo para o asilo e lhe deram um banho. Por causa do banho ficou doente e morreu, pelo menos essa era a história que contavam, entre risos.

Até hoje me lembro dele, principalmente quando faz muito frio e coloco uma manta nas costas para assistir TV. "O Sabiá está chegando", digo ao meu marido. Que sabiá? perguntou na primeira vez que lhe disse isso, sem entender direito o que eu queria dizer. Até que contei esta história... ILPN/97
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