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cronicas-->PRECE PARA O AMIGO -- 30/11/2001 - 15:36 (Denis Cavalcante) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PRECE PARA O AMIGO

" Um casulo é o túmulo de uma lagarta e o berço de uma borboleta; também a morte para o homem é o princípio de uma nova e melhor vida." ( Marquês de Maricá )


DENIS CAVALCANTE


Não queria escrever, na verdade não devia escrever. O que irão pensar os fiéis leitores, ao se depararem nessa sexta-feira, com uma lacuna vazia, um texto em branco? Pensarão que faltou assunto, faltou inspiração? Nada disso, é que o assunto.. bem, logo, logo saberão.
Salinas, sexta-feira, para todos dia dos mortos, para mim dia dos vivos. Essa data nunca me lembrou a morte, pois nessa mesma data em que tantos veneram a morte, eu, celebro a vida. Nesse dia tão triste para a maioria das pessoas, para mim sempre foi um dia como outro qualquer.
A tarde estava calma, o sol agora fraco perdia-se no horizonte, o vento forte balançava e farfalhava os coqueiros, o jovem rouxinol do caseiro ensaiava os primeiros trinados. Se tudo era paz, porque estou tão inquieto?
Lembrei-me de ti velho amigo. Que, se, vivo hoje estivesse com certeza estaria agora aqui, ao meu lado, nesse mesmo pátio, nessa mesma cadeira de palha, balançando-se com a perna suspensa, a barba por fazer, o cigarro no canto da boca, a cerveja gelada á mão, o papo inteligente, o sorriso maroto... Nem parece, mas dois longos anos já se foram sem voce.
Pena que não estejas mais no plano terreno conosco. Embora não te enxergando, as vezes tenha a estranha sensação, como hoje, que pairas diáfano entre nós. Tua casa, caso não saibas, já tem vista para o lago; o vizinho da frente derrubou algumas árvores e agora até sentado, esticando um pouco o pescoço é claro, já se pode ver a quantas andam a maré. As palmeiras imperiais crescem a olhos vistos, o gramado é um tapete verdejante sem falhas; os coqueiros esses então não irias nem acreditar: vingaram todos sem exceção e já estão abarrotados de frutos; agora mesmo acabei de sorver um: abundante em água, dulcíssimo no sabor.
Flores de todas as matizes, de todas as cores brotam em volta dos muros, cercam a piscina, ao redor das árvores, o caramanchão de bougainvilles sobe célere em direção ao telhado, ao redor beija-flores multicoloridos sugam em segundos o néctar das suas flores. Passarinhos disputam vorazmente entre si as goiabas maduras; a Acácia de folhinhas miúdas espalha sombra farta e repousante pelo jardim. Vejo, minto, sinto que estás satisfeito.
A família finalmente dá sinal de vida, estamos todos famintos. Vou á cozinha preparar o rango, acho que gostarias: spaghetti com sarnambi e arroz de camarões; mas pode ser também um caranguejo fresquinho, tirado na hora refogado no azeite, sem o abominável cheiro-verde que tanto detestavas, acompanhado é lógico, de uma farofinha na manteiga puxada no alho, voce é quem sabe, voce decide...
Todos se recolhem, estou deitado agora na rede onde costumavas deitar, os óculos pousados no nariz, a fazer o mesmo que mais gostavas de fazer: Ler! Sinto que agora estás em paz... adormeço murmurando uma derradeira prece. Descansa em paz, velho e querido amigo.
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