Totinha e Vera Lúcia
Formavam um belo casal
Namoraram muito cedo
Coisa boa , tri legal
Totinha muito machão
Gostava de chimarrão
No ciúme era anormal
Tinha ciúmes de Vera
Ciúme prá mais de metro
Se ela olhava outro homem
Ele implicava direto
Vera não é diferente
Ciúme em forma de gente
Totinha era um homem reto
Lá pelos anos setenta
Se ficavam só os dois
Totinha logo queria
O carro na frente dos bois
Tentava comer o negócio
E Verinha com remorso
Prometia prá depois
O negócio que queria
Era comer a Verinha
Que se fazia de boba
Mas era muito espertinha
O máximo a permiti-lo
Era por a mão naquilo
Nem pensar na rapidinha
Totinha bem criativo
Um plano esperto bolou
Um jeito de enganar Vera
Na noite fazer amor
É que na televisão
Tinha um tal de corujão
Passava filme de horror
Totinha chamava a Vera
Depois da sogra dormir
Benzinho vem pro sofá
Vamos um filme assistir
Brincar de mamãe e papai
Verinha Gemia ai ai
Mas nunca falava aí
Um dia com a casa vazia
Isso Totinha pensou
O Tota com Vera no colo
Quando a cunhada entrou
E como caísse do céu
Chegou fazendo escarcéu
Um grande circo armou
Totinha ficou zangado
Quase brigou com a coroa
Até que não era velha
Mas parecia a patroa
O Tota pensou só de mal
Mostrarei com quantos paus
A gente faz uma canoa
Papar Verinha agora era
Como ganhar uma taça
Pro Tota questão de honra
Agora fazer pirraça
Vem logo prá cá mulher
O teu machão é que quer
Vai te fazer uma graça
Verinha muito sabida
Não era questão de frescura
Levava o Tota no bico
Até com muita lisura
Dizia: calma benzinho
Tu és o meu queridinho
Verinha era uma figura
Os dias foram passando
Fazer amor nem pensar
Totinha com aquilo duro
Pensava até em casar
Quem sabe com o casamento
Batesse um arrependimento
E Vera resolva dar
Totinha um dia enfim
De Vera pediu a mão
Verinha sentiu na carne
O poder da emoção
A Vera virgem de mim
Totinha pensou assim
Comer Vera em prestação
Aceita a mão de Verinha
Senhor Totinha de tal
Como sua legitima esposa
Responda agora afinal
Indaga o padre Atílio
Tota responde com brilho
Seu padre olhe pro pau
Acabou-se a cerimônia
Vera agora é sua mulher
E no pensar do Totinha
Agora não tem colher
Vou logo lhe botar bucho
Totinha o bom gaúcho
Não anda de marcha ré
Todos foram para o clube
Whisky, pastel, cerveja
Salgados , bolinhos ,garçom
Tem martini com cereja
Estavam todos os amigos
E pra vocês eu vos digo
Bendito louvado seja
Totinha estava feliz
Dizer isso nem preciso
Vera era só alegria
Estava no paraíso
Totinha não entendeu
Por que um cunhado seu
Não disfarçava o sorriso
Chegando o dia seguinte
Por volta de oito horas
Se despediram de todos
E partiram sem demora
Vera Lúcia e seu amado
Viajaram prá Gramado
Tota quer ver é agora
Entrando no quarto do hotel
Totinha quis logo amar
Partiu prá cima de Vera
Não queria blá blá blá
Verinha fugindo do amado
E Totinha indignado
Verinha não quer lhe dá
Nosso herói ficou perplexo
Aquilo não era direito
Pelo andar da carruagem
Deve ser trabalho feito
Chamou Vera prá transar
E a moça sem pestanejar
Falou : sou mulher de respeito
Os dias se sucediam
Tota cheio de tesão
Que se passa na cabeça
Da dona do seu coração
Toda vez que vou comê-la
Além de não conseguir tê-la
Ela me deixa na mão
Com o dinheiro acabando
Acabou–se a lua de mel
Soldado que está de férias
Não dá sopa no quartel
Mas o nosso artista achava
Que chegando em casa tirava
Desta abelha todo o mel
Não é que ele estava certo
Depois de meses de amasso
Muito beijo e muito papo
Totinha ganhou o espaço
De Vera mordeu as coxas
E com ela toda roxa
Totinha correu pro abraço
Entrava mês saia mês
Dia , dia e após dias
Quanto mais Tota lhe dava
Mais a Verinha queria
Totinha pedia paciência
Vera pedia saliência
Dizia: Tota me judia
Totinha cada vez mais magro
Pediu conselho a um amigo
Queria resolver o problema
Sem correr nenhum perigo
Sem comprometer o amor
O amigo lhe insinuou
Levar a mãe prá morar consigo
A mãe de Totinha chegou
Com um armário de embuia
Prá encurtar a conversa
Chegou foi de mala e cuia
Cheia de filosofia
Falou plagiando sua tia
Aquele que vende embrulha
Totinha chegava do trabalho
Com a ferramenta meio dura
Verinha o levava pro quarto
No seu pescoço pendura
Sua sogra fingindo de morta
Olhava de trás da porta
Com olho na fechadura
A mãe do Totinha chamou
A Vera pra um papo sério
Disse Vera falta muito
Prá Totinha o climatério
Se você não maneirar
Meu filho tu vais mandar
Mais cedo pro cemitério
Os dois então se mudaram
Partiram pro Espirito Santo
Toda vez que vão dormir
É cada um no seu canto
Hoje Verinha está calma
Totinha criou um trauma
Ficou com cabelo branco
O trauma a que me refiro
É reflexo de antigamente
Totinha não tem tesão
Se não escova os dente
Mas se os dente ele escova
Tem tesão a toda prova
Aí ele vira gente
Se consultou com o geriatra
Quer ter tesão de rapaz
Tomou injeção prá memória
Viagra e tudo mais
Com aquilo todo duro
A injeção te asseguro
Lhe lembra o que aquilo faz.
Assim termina esta história
De forma tão repentina
Verinha está muito bem
Se sente ainda menina
Os dois estão bem felizes
E uma de suas diretrizes
É ser cordel no Usina