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Cronicas-->A MIRABOLANTE AVENTURA DE RAFAEL, O COVARDE -- 02/12/2001 - 01:58 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caros leitores: comecei a escrever nesse tradicionalíssimo jornal por uma brincadeira literária, onde várias pessoas pré-escolhidas deveriam dar continuidade a uma estória. Foi muito legal! Eu escrevi o final, e desde aquela época queria fazer aquilo de novo. Queria que vocês participassem disso, me mandando uma continuação pra estória abaixo. Só pra ver no que vai dar! Se mais de uma pessoa me mandar o texto (o que eu espero que aconteça), vou colocar o pessoal de casa pra votar na melhor continuação. Pretendo deixar mais dois episódios pra vocês, e o quarto e último vou pedir para um amigo muito especial terminar. Mande já seu texto pro meu e-mail (cambraia@netonne.com.br), ou por qualquer outro meio, exceto por sinais de fumaça, que não entendo, por enquanto. Ah, o tamanho tem que ser mais ou menos de 3.000 caracteres (sem espaço). Mais ou menos. Semana que vem (8/12) será publicada, mas o prazo é até quarta (5/12). Quero ver, hein? Não me desapontem!

A MIRABOLANTE AVENTURA DE RAFAEL, O COVARDE

Fazia um calor insuportável naquela noite. Rafael acordou às 3 da manhã todo suado, meio confuso pelo sonho que estava tendo naquele momento, onde um rinoceronte fumava sentado no vaso do banheiro e cantarolava irritantemente "Rafael, Rafael, acabou o papel!". Levantou-se da cama e foi lavar o rosto no banheiro.
Rafael não sabia, mas era um covarde. Ou melhor, um medroso, pois covardes são os valentões que se escondem atrás da fanfarronice e das falácias. Era medroso porque tinha tanto medo dos conflitos (principalmente os físicos) que geralmente não participava de quase nada com seus amigos da escola. E olha que ele já tinha dezessete, estava acabando o terceiro colegial, quase um homem (eu disse QUASE) e muita coisa já tinha sido aprontada pela turma. Mas, naquela madrugada calorenta, estava pra acontecer o fato que o transformaria para sempre daquele moleque medroso num verdadeiro homem.
Antes de nos adentrarmos na incrível cadeia de acontecimentos que se iniciaram naquela madrugada, devemos voltar alguns dias no tempo, mais precisamente no sábado anterior, quando os novos vizinhos de Rafael fizeram a mudança para o sobrado ao lado. Rafael, que também morava num sobrado, estava estudando física na varanda, mas parou assim mesmo que o caminhão estacionou. Uma F-4000 de carroceria de madeira, com uma imensa tralha amontoada de qualquer jeito - camas, uns três guarda-roupas, sofás, mesas, um antigo e desbotado móvel de cozinha, várias malas e mais uma montanha de coisas. Rafael ficou observando discretamente a mudança, tentando adivinhar o estilo das pessoas que iriam dividir a vizinhança com a sua família. Com certeza, vinham com pressa, pois, além do amontoamento, tudo foi feito muito rápido, e no final da tarde já tinham acabado. Como não ficou ninguém na casa, ele deduziu que os moradores não eram os mesmos que fizeram a mudança. Provavelmente viriam depois.
Na manhã de domingo, ainda na cama, Rafael ouviu seu pai conversando com a esposa, que os novos vizinhos já tinham chegado. Curioso, foi até a janela e olhou para o jardim vizinho. Não se arrependeu. Soltou um som como "Puhhaffz!" enquanto vislumbrava uma morena de propaganda de cerveja aguando o gramado - Os caras não vão acreditar! - pensou.
Mais tarde, naquela semana, Rafael observou que a casa contava com outros moradores, além da morena da propaganda de cerveja. Havia também um velho de cabelos compridos e aspecto de índio americano, que vivia sem camisa, de calça jeans e chinelos de dedo; uma mulher de óculos, cabelos pintados e roupas extravagantes, que constantemente entrava e saía de casa com um Chevette duas portas marrom; um gordo enorme que, pelo menos de longe, tinha uma pele muito oleosa, e estava sempre com uma jaqueta preta da Gaviões da Fiel, não importando a temperatura do ambiente. Uma família no mínimo estranha. Se é que formavam uma família. Além do Chevette, um Maverick preto ficava sempre estacionado na entrada da garagem, mas Rafael nunca viu ninguém dirigindo o carro.
Voltando àquela madrugada fatídica, quando nosso herói se levantava para lavar o rosto para tentar se refrescar, chegamos no exato momento em que Rafael enfiava a cabeça sob a torneira, sentindo a água escorrer pelo seu couro cabeludo. De repente:
- Ahhhhhhhhhhh!!
Um grito agudo, definitivamente de mulher, assustadoramente desesperado, vindo dos vizinhos. Rafael se assustou, e pelo instinto de se levantar rapidamente, bateu a cabeça com força na torneira. Esfregando a mão sobre o ferimento, correu para a janela do seu quarto, que é voltada para o sobrado vizinho. Olhou primeiramente para a janela da morena, a última à esquerda (aliás, seu alvo favorito naqueles últimos dias, onde teve visões que o faziam passar mais tempo observando a janela da morena do que qualquer outra coisa). A luz estava apagada, assim como todas as outras da casa. Ficou ali por uns quinze minutos ainda, no escuro, esperando para ver se acontecia alguma coisa. Quando já ia deitar, ouviu a ignição de um motor e, ao correr para a janela, só conseguiu ver o Maverick saindo cantando os pneus. Rafael esperou ainda mais uns vinte minutos, mas como nada aconteceu, voltou a dormir.
Teve vários sonhos relacionados com o episódio. Na maioria deles, Rafael se dava bem salvando a morena, e os dois acabavam juntos fugindo no Maverick (os detalhes, infelizmente, não podem ser publicados nesse horário). Mas, ao se levantar, não se lembrava do misterioso ocorrido. Depois de tomar café, Rafael pegou seu material pra escola e saiu de casa.
Assim que saiu de casa, um frio correu pelo estómago de Rafael. O Maverick preto estava ali, na entrada da garagem. Não eram nem sete horas, mas ao se aproximar, ele percebeu uma coisa muito estranha: o carro havia sido lavado, e fazia pouco tempo. Havia lama sobre o piso, e uma grande poça d´água escorria para a rua.
Rafael, nosso medroso herói, talvez movido pela curiosidade ou, melhor, pelos estímulos provindos dos sonhos com a morena, e surpreendendo até a si mesmo, entrou furtivamente no espaço onde o carro estava estacionado. Seu coração batia acelerado, e ele o sentia na boca. Olhou pelo vidro traseiro e não viu nada. Avançou ainda mais um pouco, aproximando-se cuidadosamente seu rosto da porta do passageiro. Aquilo que viu pela janela do Maverick o fez perder a respiração. (......... continue daqui!)



Renato Cambraia é corintiano, maloqueiro e sofredor - graças a Deus -
e escreve neste espaço sempre que suas atividades de cavaleiro Jedi o permitem.

A SEMANA - 1/12/2001
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