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Artigos-->O banco é dos mendigos -- 28/04/2005 - 12:44 (Athos R. Miralha da Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




O banco é dos mendigos

Athos Ronaldo Miralha da Cunha



Os bancos estão na praça.

Rodeados por arbustos. A sombra dos jacarandás e das seringueiras. E sobre a grama dos jardins. Aqui e acolá entre um banco e outro, o busto de um barão, de um general. Algumas vezes em uma alameda perdida está o busto de um poeta ou de uma alma esquecida.

Outros estão ao redor das praças, nas esquinas e nos calçadões. São bancos imponentes e intransponíveis. Imóveis e robustos.



Mas os bancos das praças são ocupados por desocupados e acomodados. Outrora chamados de vagabundos.



Nos bancos lagarteamos comendo bergamotas nos meses de junho que são geralmente frios. E no verão nesses mesmos bancos das praças sorvemos o sorvete para aliviar o calor.

Os bancos são movimentados. Os conformados disputam cada palmo dos seus lugares. Eles não querem trocar de banco, mesmo que o outro esteja à sombra de um cinamomo num escaldante janeiro ou ao sol de um ameno outono fracassado.



Nas praças, nos logradouros ou sob as pérgulas do coreto discutimos os altos juros dos bancos. Logicamente, comodamente sentados em um banco.

Nas calçadas e entre os bancos, suplicam esmolas mulheres indígenas. Indiozinhos mendigam frangalhos e vendem cestas de vime. Nas portas dos bancos estendem chapéus e rogam trocados. E essas criaturas adaptadas e resignadas também não trocam de bancos. Imploram esmolas nos mesmos bancos todas as horas, todos os dias. São desvalidos acomodados.



Quando tem feira do livro, os bancos são os palcos silenciosos dos catadores das letras. Anônimos e, também, acomodados que sentem o prazer e se deleitam com a literatura. Homens, mulheres e crianças que não discutem juros dos bancos, mas botam os pés nos bancos para facilitar sua leitura.



Ao cair da tarde quando acomodados e vagabundos deslocam-se para seus lares, os bancos sofrem uma nova ocupação. São os maltrapilhos que levam jornais para os bancos e nele fazem sua morada. O pernoite de uma noite mal-dormida.

Nei Lisboa, na música “Produção urgente” sintetiza a situação dos bancos... “O mundo é dos vivos, o mundo é dos bancos e os bancos dos mendigos”. Definitivamente: o banco é dos mendigos.





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