Uma garota passa em frente à minha casa. Pensando em sei-lá-o-quê, ela não sabe que um par de olhos atentos a observa.
“Nunca vi. Pessoa diferente também. Acho que sinto seu cheiro daqui... não. Daria tudo pra ir até lá sentir o seu cheiro, toca-la, e talvez até mesmo morde-la.
Devia ir até lá... tenho que ir até lá, agir de maneira estranha como ela, e observar todas as suas reações.
Nem me vê, nem sabe que existo. Isso não me agrada muito, como muitas coisas que me incomodam de repente. Alguns como ela, só que do tipo que eu gosto, me magoam de propósito, eu acho. Não me atreveria a fazer o mesmo com ninguém, a não ser que seja extremamente necessário.
Queria ir até lá mostrar que existo, e que sou legal, divertido... acho que sou divertido.
Ruído estranho vindo do céu... odeio esse ruído. Ruído estranho vindo da terra... será que há algum bicho no jardim? Isso sim eu posso ir ver... mal posso esperar...”
E o pequeno cão corre por entre os montes de plantas e flores.
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