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Artigos-->ASPECTOS ETIMOLÓGICOS DO VERBO “FAZER” : UMA ANÁLISE DIACRÔ -- 02/05/2005 - 14:04 (Edmilson José de Sá) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ASPECTOS ETIMOLÓGICOS DO VERBO “FAZER” : UMA ANÁLISE DIACRÔNICA



INTRODUÇÃO



O verbo fazer tem uma freqüência de uso empiricamente considerável, principalmente na linguagem falada. Contudo, a sua aplicação tem sido escassa devido a sua construção irregular e, muitas vezes, desconhecida pelos falantes. Isso faz com que sua conjugação requisite substituições semanticamente “deselegantes”.

Supõe-se que formas consideradas pela lingüística como variantes não-padrão possam ser justificadas com o conhecimento etimológico do lexema em questão.(Monteiro, 2001)

Deste modo, este estudo diacrônico tem por objetivo encabeçar uma análise etimológico-semântica sobre os verbos de língua portuguesa, tomando como amostra inicial o verbo “fazer”.

Com a análise de uma bibliografia apropriada e de dicionários etimológicos, é possível ter uma idéia sobre a historicidade das línguas, como subsídios para futuras análises desta natureza.





DADOS HISTÓRICOS



Em relação à origem latina, encontra-se no latim, o verbo facere, hacer no espanhol, faire no francês, fare no italiano e parte-se para a origem indo-européia onde se encontra a forma do em inglês e tun no alemão.

A conjugação do verbo em latim ocorre inclusive semanticamente igual ao português, facio, feci, factum, cujas raízes tiveram o C romano modificado para o ramo neolatino com o som de /s/ ou /t&
8747;/, que se aproxima mais do italiano.

O /t&
8747;/ se assemelha ao grego –the e, por sua vez, à forma latina dare, de onde se retira a primeira pessoa do verbo colocar do, graficamente igual ao verbo fazer em inglês e próxima ao verbo tun em alemão.

A forma inglesa do foi usada na primeira pessoa singular de Inglês antigo, hipoteticamente vinda de dom, do germânico ocidental *dom, e do proto-indo-europeu * dhe, que pela incerteza de sua existência requerem a colocação de asteriscos.

A segunda pessoa does era uma variante de Northumbrian no Inglês antigo. Isso deslocou doth, doeth entre os séculos 16 e17. O pretérito did é do Inglês antigo dyde, segundo Thornley & Roberts(1984) e o único remanescente do germânico que possuía o antigo padrão lingüístico de formar um pretérito por reduplicação da raiz do tempo presente. Há muito tempo em germânico, o equivalente de did era usado como um sufixo para fazer os tempos passados de outros verbos. Conseqüentemente, o sufixo inglês –ed veio do inglês antigo -de. O particípio done surgiu do pretérito do inglês antigo gedon.

Considerando a possível protolíngua chamada “indo-europeu”, que teria existido por volta de 3.000 a.C, encontra-se a raiz *dhe- ou *dho-. No sânscrito dadhami virou tithemi que significa eu ponho, eu coloco em grego.

Nas línguas neolatinas, o f se sobrepôs ao d ou th, que foi conservado pelo latim e herdado pelo português.

As línguas pertencentes ao subgrupo itálico como osco, úmbrico e sabélico foram aspiradas pelo latim, fato que resultou em formas do tipo fakiiad, fasia, facia, até chegar em face e faz.

Em resumo, do latim vem factus, pretérito perfeito de facere “fazer” (cf. Francês faire, Espanhol hacer),

Do proto-indo-europeu surgiu *dhe – “pôr, fazer” (cf. Sânscrito dadhati “põe, faz”, assim avestan dadhati quer dizer “ele põe”). Do grego, tithenai significa “pôr, fixar, colocar”. Do lituano, havia deti com o sentido de “pôr”, diti em tcheco, em polonês dziac, em russo det “esconder” e delat “fazer”. No antigo alemão tuon, no alemão moderno tun. Do antigo saxão e do inglês antigo veio dom com sentido de fazer; do antigo frísio encontra-se dua; do antigo sueco tem-se duon. Do gótico há gadeths que significa “facção” e do antigo norueguês tem-se dalidun “eles fizeram”).

Diante da nomenclatura lingüística mencionada, convém ser apresentado um breve relato sobre os idiomas antigos.

O osco era o idioma itálico do Samitas em meio à Itália sulista em tempos pré-romanos. Do mesmo ramo de dialetos participavam o úmbrico e o sabélico.

O frísio era um idioma germânico ocidental falado em Friesland, a costa de planície do Mar de Norte e ilhas próximas. Tem semelhança com o holandês e inglês antigo.

Lituano era o idioma Báltico falado na Lituânia.

Gótico - uma língua germânica extinta que foi falada pelos Godos e especificamente pelos visigodos. É conhecida primariamente por via de uma tradução da Bíblia datada do século IV, e é a única língua germânica oriental com um corpus substancial.

O Sânscrito é uma língua morta, língua clássica da Índia antiga que influenciou praticamente todos os idioma ocidentais. O alfabeto original do sâncrito é o dêvanágarí, "a escrita dos deuses".

É uma das línguas mais antigas da família Indo-Européia e uma das línguas oficiais da Índia. Divide-se o sânscrito em: Vêdico e Clássico. Foi desenvolvido inicialmente há cerca de 1500 a.C., sendo, às vezes, descrito como um equivalente asiático do Latim pelo seu papel na literatura religiosa e histórica da Índia. Sânscrito é também o ancestral das linguagens prácritas da Índia, como o Pali e a Ardhamgadhi. Pesquisadores preservaram mais documentos em Sânscrito do que documentos em Latim e Grego. Os textos védicos foram escritos em uma forma de sânscrito.





CONCLUSÃO



Conclui-se com este trabalho um estudo minucioso sobre a morfossemântica verbal em língua portuguesa, tendo o verbo FAZER como tópico analítico.

De uma maneira simplória ou redutiva, as formas do português não-padrão “fazi” ou “fazido” podem ter surgido como variações da formas latinas facio, feci.

Uma vez que em latim, as formas do verbo “facere” significam fazer e pôr, como também nas formas mais remotas, justifica-se a criação de expressões como facere metum (causar medo) e sacrum facere (colocar no altar um sacrifício).

Bibliografia

1) Bueno, Márcio, A Origem Curiosa das Palavras, Editora José Olympio, São Paulo, 2004

2) ERNOUT, Antoine et MEILLET, Antoine (1967). Dictionnaire étymologique de la langue latine, 4ème. éd. Paris: Klincksieck.

3) Home-page: http://www.angelfire.com/ma/vivekananda/sanscrit.html

4) Home-page: http://www.etymonline.com/

5) Home-page: http:// www.napoleao.com/tralit.htm

6) MACHADO, José Pedro (1956/1990). Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Lisboa: Editorial Confluência, 2 vols. / Lisboa: Livros Horizonte.

7) MONTEIRO, José Lemos. Para compreender Labov. Petrópolis: Ed. Vozes, 2001.

8) THORNLEY, G.C.; ROBERTS, G. An Outline of English Literature. Longman, 1984



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