* Outro dia tomei contato com um de meus filhos em Curitiba. Contava alegremente o caso de uma aula de biologia, onde diversos grupos de estudante tinham a incumbência de apresentar trabalhos sobre a reprodução humana.
* O grupo para o qual Guilherme foi destacado tinha que falar sobre o aparelho genital feminino, que constava de uma das páginas da apostila adotada pelo colégio. Segundo o garoto, um desenho esquisito, como normalmente são considerados pelos estudantes os desenhos envolvendo as genitálias, tanto masculinas com femininas.
* É simples, o aparelho masculino sempre aparece em estado de repouso, meio morto, em corte longitudinal. O feminino também, mas no desenho frontal fica muito esquisito, parecendo uma caverna mal construída pela natureza.
* Foi isso que os adolescentes identificaram. Resolveram incrementar a aula com fotos de artistas nuas encontradas facilmente nas bancas de revistas em qualquer lugar.
* Escolheram Vera Fischer em sua última aparição para a revista Playboy, mas depois analisando o estado quase selvagem dos pelos pubianos da atriz global, optaram por uma mulata carioca.
* O resultado do trabalho foi em parte obtido. Ao apresentarem a mulata em nu frontal, segundo Guilherme & 8220;sambando& 8221;, a professora reagiu dizendo que não precisava apresentar uma vagina numa sala de aula composta por meninos e meninas, que aquilo era indecente.
* Ao saber da reação da professora entendi a formação conservadora de nosso país, especialmente a de Curitiba, mas então surgiu uma pergunta incômoda: sexo é indecente?
* Indecente, imoral, o que se pode dizer dos órgãos genitais? Libidinosos? Atraentes?
* Depende de quem olha e porque olha. Os estudantes acharam que expor uma vagina era mais interessante do que expor aquele desenho gigante esquisito. Não deixam de ter razão.
* Estudar sexo proibindo a análise dos órgãos sexuais é uma coisa esquisita. Segundo o conceito da professora o sexo só poderia ser estudado mais amplamente no nível superior, nas faculdades do setor biológico.
* Depois entendi. Os alunos poderiam trabalhar com um pênis e uma vagina conceituais, não empíricos. Os alunos poderiam ter problemas com o lado empírico do estudo sexual.
* Ah, estes conceitos já eram modernos em 1789, quando estourou a Revolução Francesa.
Foram contestados na revolução sexual dos anos 60. Ah, estamos no Brasil. Ah......