É muito fácil. Quem não tem na ponta da língua a solução para os problemas alheios? Afinal, saber da vida dos outros tornou-se uma arte. O Governo tá errado, o Papa tá errado, o judeu está errado, os americanos estão errados, os alemãs...Ora por favor! Com que base alguém pode verdadeiramente julgar a outrem? É tão absurdo quanto inadequado. Tão pouco os ditos juízes o podem, afinal, eles entendem de lei e quando se trata de julgamento, estamos nos referindo a alguém, e não a alguma coisa. Porém os princípios são os mesmos. Deus pergunta pra Adão que põe a culpa na mulher que por sua vez põe a culpa no diabo...E eu? Nossa maior justificativa sempre esbarra nessa pergunta: E EU? Ficaríamos horas discorrendo este assunto sem chegarmos a uma conclusão sensata, porque a nossa sensatez tornou-se em desvairio; uma turbulência sem nexo, sem eira nem beira ou como diria minha avó sem alhos nem bugalhos...Tudo para nos contentarmos com a certeza de que EU não tenho nada a ver com isso...e eu?
É bem provável, não tarda, produzirão os culpados para os ataques nos EUA, Nero também os produziu em Roma, Hitler na Alemanha, e tantos outros produziram culpados para sua própria desventura e insatisfação...E porque não dizer: sua paranóia.
Não é muito fácil admitir que o erro é meu, concordo. Bem menos doloroso é exterminar mesmo que uma raça inteira, para me livrar de qualquer acusação...A tecnologia a todo vapor movida por trogloditas que se matam por ninharias de convicções que são desqualificadas alguns anos depois graças a uma novidade de alguns milhões de anos atrás. E EU? Sou nesse confuso e abstrato simpósio de humanidade, homem que se deixa levar por essas idiotices a ponto de perder horas diante de uma tv para descubrir que a única coisa que ela produz em mim é a certeza de que eu não sou EU...Nem eu, mas algo que faz qualquer coisa para sobreviver intacto, incólume a qualquer desventura provocada contra mim e eu não percebo...Nem Eu.