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Cronicas-->George Harrison ou colocando os pingos nos is -- 07/12/2001 - 07:59 (K Schwartz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando se fala em Beatles o que mais se ouve são comentários sobre a genialidade da dupla Lennon & McCartney. Dizem que os dois fizeram e aconteceram dentro da banda. George Harrison e Ringo Starr quase não são lembrados e, pior, muito pouco valorizados no papel que tiveram no "Fab Four". Harrison então, é sempre "aquele guitarrista fraco que ficava entre o John e o Paul nas apresentações dos Beatles". Desde o início a guitarra de George sofreu ataques que persistem até hoje.

Entre os diversos detratores do "estilo Harrison", não consigo me esquecer do comentário de um revistinha - dessas de bolsos - que dizia ser uma referencia sobre as melhores bandas do mundo. Tentando se mostrar imparcial, ela citava as bandas em ordem alfabética e, na coluna dedicada aos beatles (uma coluna!), rasgava a seda p´ra cima de Lennon e McCartney mas, "o guitarrista solo e o baterista, minha nossa, eram muito ruins..."(sic), tentei procurar esta pérola da crítica musical para citá-la na integra aqui, porém, a mesma está perdida em alguma das minhas caixas sobre os Beatles. Fico devendo.

Existe uma corrente muito forte entre os músicos que tenta pregar a idéia de ser necessário a uma banda ter todos os seus membros como exímios instrumentistas e, por que não, virtuoses no que tocam. É comum ouvir "O AC/DC é ótimo, mas o baterista é muito ruim", ou "o Pink Floyd poderia ter um baixista melhor" ou "o Charlie Watts(Rolling Stones) não presta ". Quem já tocou ou fez parte de alguma banda sabe que a teoria dos virtuoses não resiste a dois ensaios. Os egos são grandes - pois quem é bom normalmente o sabe e carrega consigo todo estigma vinculado a isto: pedantismo, egocentrismo, desprezo ou desinteresse pelo trabalho alheio (repare que escrevi NORMALMENTE) e, com isso, a banda geralmente naufraga. Conjuntos como o Rush, que tem notórios excelentes músicos e mantém-se estável são raríssimas exceções, longe de se tornarem via de regra. Essas megabandas não resistem por muito tempo sem que um dos seus membros seja "ejetado" ou que simplesmente acabe. Veja o exemplo do Black Sabbath, Dream Theater, Iron Maiden, Led Zeppelin somente para citar os mais conhecidos.

Se fóssemos seguir essa corrente de pensamento "virtuótica" nem os Beatles resistiriam. E não por causa da "incompetência" de Starr & Harrison, e sim pela "ineficiente" guitarra do Lennon ou do baixo-tocado-como-guitarra do Paul no início do sucesso dos "Fab Four". Como cantores então, os dois era p´ra lá de comuns... não tinham a voz de um Elvis, um Morrison. No entanto, os Beatles conseguiram se tornar a banda mais influente da curta história do rock. Ou seja, se fóssemoss observá-los somente pelo prisma instrumentista x virtuosismo a banda não resistiria... mas o fato é que só isto não basta, é preciso o "algo mais" que eles tinham de sobra: genialidade, carisma e visão oportunista, além de serem - sim - todos músicos competentes.

George Harrison não inovou na confecção de escalas para digitação na guitarra, não inventou nenhum pedal e não abusou nos seus solos, porém, era um "fuçador" de sons e novidades tão bom quanto os demais. Basta resaltar que, sem ele, os Beatles - e depois o mundo - não teriam voltado seus olhos para a música/filosofia oriental. Álbuns como Rubber Soul e Revolver são inimágináveis sem os sons indianos que os permeiam (imagine "Norwegian Wood" sem a cítara). Ouso dizer mais: sem a influência de George Harrison nos Beatles, Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band - considerado o divisor de águas do rock - seria mais um disquinho comum ou, no máximo, diferente. O "Álbum Branco" então, corria o risco de nem existir, uma vez que o mesmo foi praticamente todo composto durante o retiro espiritual dos Beatles na India, entre uma meditação e uma viagem de LSD. Ao mostrar outros sons aos demais, ele soube dizer que a banda poderia inovar e renovar a música que era tocada na década de 60. Lembro aos leitores o solo que ele fez em "She said, she said" do álbum Revolver. Ele gravou o solo normalmente, em dois canais (um com a guitarra sem efeitos e a outra com distorções, reverbs e overddubs) e, na hora de colocá-lo na música, intencionalmente inverteu a fita deixando o solo ao contrário... coisa simples e genial, inimaginável na época! Deu tão certo que o Red Hot Chilli Pepper "xupou" a idéia, vinte e tantos anos depois, no excelente "Blood, Sugar, Sex & Magic".

O que se deve ter em mente é que TODOS OS QUATRO foram essenciais para que o fenómeno Beatles - e a beatlemania - acontecesse. A banda funcionava tão bem nessa formação que a mudança de um dos componentes era impensável e as consequências, desastrosas. A fórmula deu tão certo que persistiu por quase dez anos - muito mais tempo que a maioria das bandas desse porte resistem.

A morte de George Harrison fez um chuva de elogios e tributos caírem sobre o mesmo além, é claro, dos detratores de plantão. O que acho mais interessante é que sempre nos lembramos de dar o valor a uma pessoa quando ela não mais precisa disso (e aqui faço o meu mea culpa). Contudo, justiça seja feita, ele tem um lugar de honra garantido no Hall dos gênios que mudaram a música e a cultura do século vinte (se bem que, eu acredito que ele não está "nem aí" para a nossa opinião sobre ele).

K Schwartz
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