A lâmpada fraca do poste sente inveja da fosforescência branca e forte da lua.
Lá fora passam
homens na rua
mulheres na rua
crianças de rua
cachorros
barulho de coisas: televisão ligada,
rastros de carros acessos,
liqüidificadoresmúsicas
e
movimento.
Em cada casa uma história secreta,
a vida segue seu curso
impregnada de desejos e medos.
Os cachorros pulguentos,
os gatos que mudam as telhas dos lugares,
maruins em bandos do corpo d’água
maré sete vezes desserenada
chuva
o tecido sujo de pedras
da rua
se lava
A boca da chuva engole os sons,
rabisco um desenho
rua estreita,
essa rua não sabe se é rua ou se é beco,
desenho borrado,
anfíbio feito sapo.
a geometria dessa nossa rua é absurda. |