Encontrei um agente aposentado do SNI logo na segunda-feira de manhã. Sorria, sorria da democracia que se pratica atualmente no Brasil, especialmente em Rondônia.
O homem comentava o episódio em que a Rede Globo de Televisão foi obrigada a retirar do ar o link com a matéria referente a um escândalo envolvendo deputados rondonienses.
Vibrava dizendo: “Tá melhor do que o AI- 5 moço! Naquele tempo a gente ficava de olho nas redações e assim mesmo as coisas passavam, pois o pessoal era criativo. Só não passou mesmo o episódio da morte do Wilsinho Galiléia, que o pessoal da justiça bloqueou para sempre. A justiça, não o regime em si”.
Agora o povo de Rondônia ficou prejudicado. Não tem o direito de ouvir o lado dos deputados, que poderiam esclarecer melhor o episódio posteriormente.
Quem não deve não teme. Nessa guerra de poder o povo pode menos, porém há notícias que muitos amigos de rondonienses estão enviando fitas pelo correio, dvd’s e outros materiais copiados para que o fato seja amplamente divulgado em todo o Estado. Mas fica a pergunta no ar: será que a Justiça local vai conceder uma liminar para revistar todas as correspondências que vão chegar comentando o fato?
Nesse caso o milico aposentado vai dar muita risada. O episódio fez com o homem lembrasse do tempo em que estava na ativa, sacudindo o pó do pijama.
Provocou até algumas lágrimas de saudade, mas principalmente muito riso.
É que mesmo um servente dos tempos de chumbo não entende como é que numa democracia a liberdade de expressão seja cerceada, principalmente quando existe 1,4 milhões de cabeças interessadas numa informação que é fundamental para o respeito e manutenção das instituições.
Os deputados que não tem nada a ver com o episódio também estão respirando livres, mas segundo consta o pedido da liminar, 21 deputados pediram para que o material fosse censurado. Numa casa de 24, o milico só pode rir muito.
Será que haverá um monte de liminares obrigando todos os sites a se calarem hoje, além das rádios e televisões, e jornais impressos?
Que beleza. Em nome do que afinal a Justiça rondoniense está lutando? Como diria o diretor do filme JFK, a pergunta não quer calar.
Acho que vou chamar o milico para dar risada também. Depois a gente chora junto. O momento merece.
publicado no site rondoniadigital.com.br em 16/5/2005