Bem, na verdade ela invejava mesmo era o Jim Jones do Templo do Povo e seus 913 seguidores. E por causa desse desejo de suplantar aquele a quem considerava o melhor dos melhores, desenvolveu até uma espécie de peido-mata-marido com o qual calava a boca do consorte que se mostrava inquieto quando ela punha-se a pensar.
Ela não poderia estar nas Guianas. Mas na sua chácara do pesque-e-solte, sentia-se como se lá estivesse. E isso já era o suficiente.
Em 1978 quando ocorreu o suicídio em massa, ficou consternada e desejou estar lá para poder ajudar aquele pessoal todo. Naquele tempo, ela tinha somente uma noção rarefeita do que poderia ser o seu futuro poder. Começou a organizar sua seita a partir de um rascunho que encontrou na lata de lixo do desafeto de um considerado amigo seu.
As técnicas de investigação que usava, desenvolviam-se conforme suas premências e necessidades que lhe advinham do combate aos demenciados inoportunos e safados invasores da privacidade dos seus sobrinhos queridos.
A vovó Bim Latem, conforme eu já lhes mencionei em outra oportunidade, possuia uma enorme força aérea composta por galos e galinhas rigorosamente treinados nos campos de batalha. As técnicas de treinamento desenvolvidas primeiramente na guerra Russo-Japonesa de 1904/1905 vieram ao Brasil, especialmente importadas por uma correligionária sua, que se condoeu ao saber do sofrimento de seu sobrinho, vítima do sádico comedor de bananas e ciclista amador.
Naquela guerra, os Japoneses enfrentaram os Russos com 40 mil soldados. Os Russos, não dispunham de nada, quase nada, além do que 7 mil homens armados.
E conforme se sabe, a necessidade em sendo a mãe da invenção, provocou nos Russos uma enorme corrida para a criatividade, tendo havido dentre as muitas invenções, a criação desse tipo de força.
As baterias fixas de cães latidores foram criadas na defesa do sul da Manchúria.
A vovó era adepta do suspense e por isso assistiu a não menos do que 25 vezes ao "Interlúdio" do Hitchcock, a fim de apurar sua astúcia nesse ponto.
Com o seu maridão a tiracolo, escalado para carregar o sacão de pipocas, entrava na sessão da tarde no cineminha do bairro e saía somente após a última sessão que se iniciava depois das 22 horas.
Como já estavam aposentados do serviço público, não se importavam com os horários e demais cobranças comuns que se fazem aos escravos pecadores e insignificantes iguais a nós.
Nos dias em que recebeu as notícias sobre as violências morais que um certo sobrinho seu vinha sofrendo, foi tomada por uma fúria desmedida, mas inteligentemente contida.
Sincronizada com o pensamento de Sófocles, também achava que o sofrimento tinha dois tipos de origem: os que ocorriam causados pelo excesso de paixão e os que se davam por causas acidentais. Por isso tentava, a todo custo sublimar a ira que sentia quando ouvia falar nas façanhas indígnas do ciclista malfadado.
Mas como já estava bastante cansada e desgastada devido aos momentos danosos produzidos por seu estilo inconfundível de vida, e mais ainda por ter na consciência que os índices de infartos do miocárdio aumentavam nas pessoas com até 30 anos de idade, usuárias do tabaco e do álcool, resolveu parar com aqueles seus planos por cerca de 21 dias.
E foi assim que explodindo um peido-mata-marido na boca daquele seu consorte falador, encerrou as atividades naquele final de ano, que graças a Deus, findava-se sem muitas decepções inglórias.
Ufa!
