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Contos-->Um Conto Para Angélica -- 18/02/2002 - 18:43 (Carlos Odas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu quis fazer alguma coisa assim, não ao meu mas ao seu merecimento. E assim porque é deste jeito: eu nunca sei bem o que digo; Angélica é que, desde o início, soube me ouvir. Nada, na verdade, digo. Fluo.

Agora buscarei um conto, ou algumas contas, para somar a um cordão que trago. Mas, se for um conto, terá de ser belo, justo ao merecimento de Angélica, porque este conto será dela. Buscarei... talvez no fundo do meu coração – orgão que me bombeia a palavra nas veias e que, por uma imperfeição que carrego, vertem copiosamente, preenchendo papéis de idéias desconcertadas -, haja alguma estória esperando ser contada.

Ah, mas temo buscá-la... temo porque sei que se trouxer uma estória de flor que se abriu e gostou do mundo e foi amada pelo beija-flor... alguém quererá nela uma intempérie capaz de despetalar até a mais forte das flores, ou porá nela um alçapão para o pobre passarinho.

Se eu buscar uma estória de índio, com ocara e curumins, e dizer apenas que índio era feliz no coração da floresta, sob a proteção de Tupã.... Ah, então nem sei... alguém me virá com o progresso, com um demônio de ferro, com mercúrio... Se é para matar o meu índio e deixar Angélica triste, deixa ele lá onde está que eu não quero contar essa estória.

Se buscasse, talvez eu trouxesse uma estória simples de aldeia onde todos vivam como irmãos e onde ninguém seja o dono da terra e não haja nenhum dono dos homens. Mas temo que muitos, não vendo nisso nenhuma lógica, queiram para minha estória a velha razão de inevitáveis conflitos.

Eu quero muito um conto para minha amiga Angélica. Mas um conto que a faça sorrir, que seja suave e sirva como travesseiro. Um conto em que ela descanse, ou até em que ela cante...

Buscarei... Talvez encontre uma estória que, sendo bela, não cause espanto. Que não magoe ninguém, nem àqueles que esperam sempre a intempérie quando há flor, o progresso quando há índio ou a polícia quando há liberdade. Quando encontrar, contarei a todos essa estória e a dedicarei, ab imo corde, à minha amiga Angélica. Justo ao seu merecimento.

1º de Dezembro de 1995
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